quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Meia hora com Ubaldo


Esse cara é genial. Não há uma só vez em que eu esteja em sua companhia sem que o mínimo do agradável não me acompanhe. Ele me faz rir em menos de dez minutos. Hoje foi com a "A casa dos budas ditosos", livro editado há mais de seis anos, mas que ainda não tinha tido a esperteza de achá-lo "intuitivamente" entre as prateleiras das livrarias. Digo isso com constragimento, porque um autor como o Ubaldo, o bom leitor encontra é no faro mesmo.

O post neste quase-abandonado blog veio com um tom de agradecimento. Foram 30 minutos apenas. Meia hora suficiente. Reafirmo meu fanatismo em relação a sua escrita, o fenômeno intelectual que se apresenta em páginas construídas a custo de muita leitura e doses com algum teor alcóolico. Acho que só contribui. Dizem que o homem se revela nessa hora. Muito mais prazer em conhecê-lo, Ubaldo.

Agradeço pelo povo brasileiro que tem chance de ser descrito em seus texto, comparando-se e confundindo-se com os podres humanos sociais. Quero outro encontro logo, logo.

Collectanea


Os boçais. Eles são tidos como os mais chatos (a foto acima diz tudo), os que têm camarins mais requintados e com as exigências mais frescas de todos os tempos; entre elas, a famosa (e caríssima!) porcelana chinesa. A primeira frase do Noel no dia do casamento foi: "Porra! Eu tenho que acordar cedo só porque vou casar?". E eles ainda negam insistentemente que querem ser os Beatles da atualiadade. É briga, é droga, polêmica pra lá e pra cá. Assim levam a vida como uma das melhores bandas de rock de sucesso planetário nos nossos dias.

Eu, que destesto frescura e arrogância, ingrediente que é a cara dos irmãozinhos, tenho de confessar que eles são muuuuito bons! Não adianta. Não há boçalidade que bata a qualidade do som dos caras. E a novidade que mereceu o post é: tchan tchan tchan tchan!!!! Tensão, tensão tensão.... Oasis lança coletânia definitiva "Stop the clocks"!!

Uhuuuuu!! Que presentão de final de ano, hein?! É a primeira retrospectiva dos dez anos de chão da banda. As faixas foram escolhidas pelos próprios, que reuniram, a seu gosto, as 18 melhores músicas de toda a década num CD duplo. O lançamento triunfal do disco aconteceu em Paris e, pra variar, eles foram um sucessoooo!! Agora os lindinhos tiram férias - merecidas, diga-se de passagem - antes de trabalhar algo inédito. E a gente? Bem, a gente curte uma nostalgia daquelas...

terça-feira, 14 de novembro de 2006

Aspirante ao vegetarianismo


Tenho uma amiga que está cada vez mais simpática e aberta à idéia ser vegetariana. Acho que vi aí algo além do não comer carnes. Se ela toma isso como uma alternativa de vida, como escolha, leva consigo um montão de anulações decorrentes de uma opção. São as "perdas" necessárias para os ganhos que se quis. E faz parte do perfil dela, amante do sentimentalismo e das questões invisíveis que nos rondam e nos afligem diariamente. É sua pauta preferida onde quer que esteja*.

Isso vai de acordo, mais uma vez, à característica preferência, também dela, dos animais às crianças. Veja só como as coisas se encaixam: tudo pelo amor ao bichos! Conhecendo-me já há mais de duas décadas, afirmo veemente que, se fosse comigo, essa idéia não passaria de pura intenção. Não sairia mesmo da utopia. Já me vejo muito pertecente a esse universo competitivo, de pessoas construídas e cada vez mais formuladas à busca constante pela ascensão social. Uma briga eterna para alcançar aquele salário que, mesmo depois de obtido, ainda não será suficiente. E no final, é como meu irmão diz, todo mundo morre (essa foi p rir baixinho, rsrsrs). Pra quê tanta correria? Meus netos terão brinquedos espaciais e eu serei provavelmente uma velha inconformada com as minhas incessantes dores.

Acho que ser vegetariano no mundo do jeito que está hoje é ser quase anti-canibal, porque isso é o que a gente é, só que de forma indireta. Pensando filosoficamente, anular as carnes do cardápio é um ato lindo. Mas já pensou a dificuldade triplicada que terá de se enfrentar para conseguir sê-lo aqui no Brasil? E em Fortaleza, no meio de uma cultura arraigada pelo influente poder destruidor global e pela forte marca machista e animal da região? Essas características podem tornar o caminho bem mais difícil. Enfim, é um desafio brilhante na minha opinião. Deixo os pontos para análise e outros para reflexão. Espero mesmo é que minha amiga se sinta bem saciando-se seja com o que for: carne-vermelha-do-mundo-"sou-canibal" ou nutrientes-clorofilados-saúde-pura.

Beijos a todos.

*Vale a pena conhecê-la e tirar um bom papo com a figura. Se pintar interesse, me liga que faço a ponte! =)

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Gracias a Quintana


"Existe somente uma idade para a gente ser feliz, somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-los a despeito de todas as dificuldades e obstáculos. Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer. Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores e entregar-se a todos os amores sem preconceito nem pudor. Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, e quantas vezes for preciso. Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que passa".

Mário Quintana, gracias.

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Dama do Cassino

Eu prometi e cumpri mil carinhos
E muito respeito
Amor perfeito nos momentos bons
E nos momentos maus
Mas essa dama danada nunca encontra
Nada a seu jeito
Ela só busca as espadas, os ouros
As copas e os paus

Eu planejei sete luas de mel
Caravanas e tropas
Museus, paisagens, perfumes, vestidos
Receitas e roupas
Mas essa dona maldita sequer
Acredita em Europas
Ela só sonha com ouros, com paus
Com Espadas, com copas

Diz-se que quem é feliz no amor
No jogo é infeliz
Mas de quem faz do amor
Um jogo o que é que se diz
Eu não sei jogar e ela é a rainha
Como poderei pensar que ela é minha?

Eu escrevi canções pra caminhões
De guitarras e couros
Que se tornaram estouros em mais
De muitos carnavais
Mas pra essa Diva jamais
O sambódromo, o autódromo, os touros
Ela só fica pensando em paus
Copas, espadas e ouros

Eu já fiquei como Erasmo
Sentado à margem das estradas
À espera de uma palavra da boca
Um gesto das mãos
Mas essa deusa só diz nãos e
Nuncas e necas e nadas
Ela só sabe de paus e de ouros
De copas e espadas

"Ney, você é show, sua voz é linda! "

Desbocando no blog da Renatóviski

Quinta-feira, Agosto 24, 2006

"Será que ela existe mesmo ou só anda perdida por aí?!
Paz?

Fatos e fotos
Retratam a vida
Pintada em vermelho
Pelo sangue derramado
De inocentes sem vidaEm seus leitos de paz
Paz?
Palavra vencida
Passada da validade
Sem a menor vaidade
Perdeu o status
Em tempos de dores
E lágrimas insones
Onde nada somos
Ou nem sequer podemos sonhar...
Diante de tantos ataques
Fogo cruzado entre povos
Assistimos como expectadores
Aterrorizados pela fumaça
Que densa se faz e desfaz
Triste cidades em pedaços
Onde vidas vão sendo roubadas
Por covardes ladrões de almas
Ouvimos gritos soltos
Altos, perdidos no espaço
Desesperados pedindo socoro
Em busca de um fio de esperança,
ESPERANÇA?!!!
Mas essa de tão velha
Já nem ouve mais...."

posted by Lua at 7:06 AM

JuHits disse:
É um vexame internacional ver a ignorância do Bush ceder às táticas dos fundamentalistas. Eu até respeito a luta religiosa pela terra que o Deus de cada um prometeu. A morte digna de um corpo que se mata pelo maior inalcançável no mundo palpável. Agora, assistir em casa o tom falho de "ordem inteligente" daquele jeguezinho me dá nojo. O sangue do seu texto está muito mais vermelho por causa dele, que é a favor até da matança americana. Nenhum país produz tanto filme de autodestruição como o dele. Dá um nó na minha garganta acompanhar isso em pleno século XXI. O Bush foi uma das piores catástrofes mundiais.
28 Agosto, 2006 13:23

domingo, 17 de setembro de 2006

Civitate de Amore


Sou leve, me sinto samba, sono, luz. É você, meu bem, grande motivo da minha calma, justificativa ideal pro meu levar à toa. Já me sinto a sua benvinda companheira de que Chico fala. E quero sê-la no ideal. O som do dia acordado irá nos apressar e vamos questionar como é difícil amanhecer. A cidade dos indivíduos precisa amar. Será que conseguimos?

Os afazeres vêm nos pertubar e eu te chamo pra fazer samba comigo até mais tarde. Vou tornar mais longo o bom do seu dia e mais radiantes as cores ao seu redor. Vou gritar dentro de você e deixar o som ecuar por quantas vezes quiser ouvi-lo. Vou te girar e me girar em você. Vamos ficar tontos, mais tontos. Intento te surpreender. Apesar do sempre, vou buscar ser novidade e insistir no belo.

Vou te provocar a leveza, o samba, o sono e a luz que sou hoje. A pressa urbana não será abalo, meu colo vai te acalmar de todas buzinas, de todos os sermões desnecessários. Eu me camuflo no meu cheiro onde quer que você esteja. Te provo a segurança a que o nosso sentimento nos induz. Nada de correria. Vamos fazer samba e muito amor na calmaria do nosso lar. Espetacularmente nosso.

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Poliamor


Em poucas de minhas inserções discursivas no orkut, entro numa comunidade de discussão de relacionamentos baseada na idéia de que o diálogo é A solução. Indicada por uma amiga com quem realmente exercito a tal prática salvadora, achei interessante e penso que pode ser super produtiva essa nova comu. Lá vai a Juliana em sua primeira aparição, o tópico é o mesmo que intitula este post:

"Poliamor é possível, sim.
É possível alguém amar mais de um alguém, da mesma forma até. Difícil talvez seja acreditar nesta possibilidade e encará-la como fato. O amor romântico nos ensinado e idealizado sempre não nos permite aceitar racionalmente a idéia de gostarmos com a mesma intensidade de mais de uma pessoa. Mesmo sendo este amor o de homem-mulher. A monogamia ocidental, aliada à Igreja, taxa de feio a mulher que sente atração por outro - e o pior, por outra! - que não seja o seu marido, o cara de sua vida com quem casou e é pai de seus filhos e ai dela (da mente dela em relação a tudo) se um dia olhá-lo e não ver mais tanta graça assim.

A grande chance de estarmos discutindo isso é a alteração de valores que vem, em alguns momentos, a nosso favor. Nós, mulheres, hoje, já não somos criadas para depender de homens, o que desencadeia em um monte de outras desobrigações. Homens podem ser um ótimo começo e meio no percurso da egoísta vida atual, mas não são mais um fim. Não nos propomos apenas a um casamento e maternidade como acontecimentos que nos completariam como mulheres.

Confesso, também, a tristeza, por um lado, de observar meninas-homens em todas as suas esferas. As jogadoras de futebol retratam bem o exagero de algumas de nós nessa ânsia de ocupação do que antes era só deles. Competição é o termo que guia a estratégia de muitas mulheres na busca pelo seu espaço. Não gosto muito, não acho bonito. Nós menstruamos, geramos bebês e os parimos, temos de ter consciência do delicado quase sagrado intríseco a nós. Chegamos perto do amor maior.

Viver em harmonia com os homens e as outras coisas do mundo, sem preconceitos de que o desejo por outro vire pecado pode ser o grande lance da convivência humana. Os bruxos e os cientistas já foram queimados, hoje a matança é a mental. A culpa de que Nietzsche tanto fala nos consome diariamente. Mais de 2000 anos após a história do "Salvador", nos vemos presos a nos punir pelo amor a mais de um. Irônico, não é? Eu defendo o poliamor, em todas as suas formas e em todos os seus tempos".

Vamos ver no que vai dar....

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Ratio essendi


Quando a sensação do gostar invade é a injeção de vida que chega novamente. Brilhante ser humano divino este que por aqui vive. A sensação é a dos dias, das manhãs claras de vento frio na Fortaleza de 27º C, no dia 11 de setembro de 2006. O cheiro bom de gente circulando, o sono que se esvai naturalmente. O gostar te proporciona a percepção de tudo isso.

Maravilhada, só consigo ser grata pela vida. Pela mãe que me dá o maior amor do mundo, os amigos que me mostram a alegria fácil, o parceiro ideal que se empenha por um projeto nosso. Hoje eu senti o viver como há tempos não o fazia. Por isso o texto subjetivamente alimentado. O motivo? Uma demonstração de querer enorme, uma dedicação gratuita por um ideal de amar tranquilamente. Produzir e reproduzir no ciclo.

A rotina quase faz sentido nessa hora. Os relógios quase se justificam não deixando dúvidas para as rugas. O mundo quase me diz: "Eu sou assim, Juliana. Não tem jeito". E eu acato com um sorriso tímido de quem subentende o não dito em todos os ditos, a intenção das flores e o porquê da chuva. Mas eu sou como todos os outros, divinamente igual. Sou perecível aos rumos incertos e às investidas econômicas como se isso fosse planejar a vida. Que bobagem. Ter outro alguém divino se permitindo a você vale mais do que tudo.

Ratio essendi.

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Jornalistas assessores sociais


Conflito. Esta é uma marca presente nas inúmeras discussões pretendidas sobre a polivalência do profissional jornalista tendo em vista a nova demanda de serviços de comunicação das comunidades sociais globalizadas. Entendido primeiramente como aquele que trabalha a serviço da sociedade, tomada aí em sua forma mais ampla e abrangente possível, o jornalista brasileiro se vê atualmente sobre um muro de indecisões.

Por um lado, foi, ao longo dos anos, academicamente orientado como aquele agente social capaz de interagir através da construção da informação como um bem público. Valores idealistas de imparcialidade e neutralidade compõem a essência do jornalismo como profissão. Por outro, observa hoje a crescente onda de oportunidades comunicacionais que exigem um trabalho informativo, a priori, unilateralizado: as assessorias de comunicação. O muro descreve, assim, a incompatibidade ética do exercício simultâneo de ambas as profissões.

É a partir destas explanações que verificamos a clara dualidade encarada por quem trabalha com comunicação informativa no Brasil, país onde a legislação competente é repleta de brechas que não delimitam satisfatoriamente a linha tênue definidora de ambas as catergorias profissionais. O jornalista brasileiro sofre conflitos subjetivos quanto à amplitude de sua esfera de atuação como profissional arraigado a compromissos sociais, universo caracterizador pleno de sua função laboral.

No Brasil, o Código de Ética do Jornalista, em seu Artigo 13º, afirma que “O jornalista deve evitar a divulgação dos fatos: a) Com interesse de favorecimento pessoal ou vantagens econômicas; b) De caráter mórbido e contrários ao seus valores humanos”. O mesmo instrumento de apoio profissional diz, em seu Artigo 10º, que o jornalista não pode: “ e) Exercer cobertura jornalística pelo órgão em que trabalha, em instituições públicas ou privadas, onde seja funcionário, assessor ou empregado”. Pode-se verificar nos trechos a primazia por uma responsabilidade de caráter ético, justificada pela incompatibildade declarada do exercício mútuo das duas profissões aqui discutidas. A essência jornalística não é perdida, mereceu certo cuidado no Código citado, o qual, ainda que de forma tímida, atribuiu ao jornalista profissional o desempenho de assessorar uma instituição.

O jornalista de redação, aquele que investiga a sociedade, trabalha sempre na perpectiva da busca pela neutralidade em tudo o que noticia. Os fatos são relatados de maneira através da qual suas percepções subjetivas sejam amenizadas da melhor forma possível. Sabe-se, também, que a capacidade de ser imparcial é impossível, pois o jornalista é um cidadão e obedece a determinadas visões de mundo de acordo com seu universo particular. De modo semelhante, não esqueçamos a característica econômica do meio em que atua. São empresas jornalísticas, visam ao lucro assim como órgãos da esfera privada que empregam milhares de assessores de comunicação.

Um importante fator a ser mencionado neste momento é a capacidade funcional e social dos serviços elaborados estrategicamente pelos gestores da comunicação em órgãos empresarias, de estrutura explicitamente parcial. Os que atuam neste campo não deixam de ser profundos analistas do meio que os cerca, além de peças-chave na definição e construção da imagém pública da instituição que os abriga. Trouxeram contribuição. O aprofundamento do tema com o qual trabalham, a relevância social do setor em que atuam e a inserção de idéias extensivas para os jornalistas de redação são exemplos do quanto este ramo atua na imprensa diária.

Ainda que imparcialmente, a comunicação não deixa de ser realizada com qualidade e amplitude que abrangem e enriquecem os espaços dedicados à publicação de informações. Toca-se na essência da neutralidade jornalística, mas pensa-se numa qualidade produtiva que resulta em um ganho social. O muro de indecisões pode encontrar aí uma saída viável para os conflitos subjetivos incessantes. Como citado no Código de Ética, não é preciso abandonar a profissão de jornalista profissional para exercer a função de assessor. O que não se deve fazer é responder simultaneamente pelos dois cargos conflitantes.

De acordo com Chaparro, a notícia é hoje um dos bens mais valiosos do mercado mundial. O autor afirma que cerca de 95% do que a imprensa noticia todos os dias são conteúdos previamente programados por instituições interessadas ou revelações e discursos trabalhados por fontes organizadas. Daí a crescente relevância do papel difusor de quem lida com a comunicação, seja corporativa ou não. Jorge Duarte (2003) acredita que “submetido a exigências conflitantes, o jornalista assessor de imprensa foi capaz, no Brasil, de criar padrões de comportamento aceitáveis para um lado e para outro. A busca por credibilidade profissional e consciência tranqüila parece ter falado mais alto”.

Neste contexto moderno, o relevante é perceber o jornalismo como campo de atuação profissional onde todos os que o compõem podem ser constantemente beneficiados. O material que chega às redações pode oferecer mais subsídios aos repórteres e editores, as empresas assessoradas alcançam espaços na agenda pública após processo estrategicamente trabalhado, as pessoas usufruem de conteúdo consistente, interagem e assimilam informações fornecidas pelas diferentes partes deste conjunto de peças integrantes do processo de informação pública.

Desta forma, a sociedade passa a ser assessorada pelos profissionais da mídia. Direta ou indiretamente, os comunicadores prestam serviço a um público de escala mundial que diariamente demanda consumo informativo. Em assessorias ou nas redações, os jornalistas são os responsáveis pela circulação de dados e fatos, agendando, pautando e orientando cidadãos, famílias, empresários, estudantes, teóricos, gestores do Terceiro Setor, políticos, desempregados etc.

Se a comunicação for observada por esta perspectiva, o desconforto íntimo ocasionado pelo conflito ético poderia, assim, ser amenizado. O jornalista admitindo-se agente efetivamente social independente de onde atue seria já um bom caminho para o progresso legal dessas questões. A realiadade de uma definição exata para ambos os campos de atuação poderia fazer desse muro, quem sabe, coisa do passado.

Referências bibliográficas

CHAPARRO, Manuel Carlos. Bristol-Myers Squibb Brasil S.A. Fontes abertas: indicadores Bristol-Myers Squibb de relacionamento com a imprensa. São Paulo, s.d.

DUARTE, Jorge. Assessoria de Imprensa no Brasil. In: Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia: teoria e técnica. Jorge Duarte (Org.). 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.

FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS. Código de Ética do Jornalista. Disponível em: http://www.fenaj.org.br/Leis/Codigo_de_Etica.htm

TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo. A tribo jornalística: uma comunidade interpretativa transnacional.Florianópolis: Insular, 2005.

domingo, 27 de agosto de 2006

Acho que a Zuzu foi mais do que aquilo

Quem é essa mulher
Que canta sempre esse estribilho?
Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar
Quem é essa mulher
Que canta sempre esse lamento?
Só queria lembrar o tormento
Que fez meu filho suspirar
Quem é essa mulher
Que canta sempre o mesmo arranjo?
Só queria agasalhar meu anjo
E deixar seu corpo descansar
Quem é essa mulher
Que canta como dobra um sino?
Queria cantar por meu menino
Ele já não pode mais cantar


Angélica de Chico Buarque foi mais capaz de gritar ao mundo a dor da mãe em desespero do que as imagens em movimento e os sons dirigidos por Sérgio Rezende. O filme "Zuzu Angel", lançado neste mês no circuito nacional, deixa a desejar para quem aguarda sentir o aperto no coração de uma mulher que perde um filho. E mais, o perde em situações de extrema gravidade. Stuart Angel Jones, até onde se sabe historicamente - e como a trama contou - foi torturado até a morte. Por causa daquela mesma coragem que sua mãe lhe atrelou durante conversa com membro da Anistia Internacional, a de dar a vida pela liberdade. A ela, atribuia-se a legitimidade. Afinal, era por que lhe restava lutar.

Ainda que se fale da bravura de uma brasileira, da injustiça militar, da luta jovem pela garantia do maior bem humano, o filme deixa longe o caráter emotivo. O trabalho de se relatar a história é de merecido reconhecimento, mas o teor afetivo termina em segundo plano. A obra é relevante documento histórico, até pedagógico, só falha na apreensão do sentimento do espectador. Figura número um quando se fala de cinema. Ele não foi privilegiado mesmo. O trailer é de poder impactante bem maior.

A fotografia não deixa de ser rica, os personagens estão bem retratados e as cenas de tortura chegam a chocar. Não é uma programação que se exclua da agenda, mas que apenas se prende com mais força aos detalhes técnicos. O roteiro é razoável, mas a fórmula escaldada de começar pelo fim também colabora no empobrecimento da história. Patrícia Pilar está linda, foi de acordo ao que tinha em mãos para executar. Daniel de Oliveira faz o militante enérgico. Leandra Leal o acompanha nessa linha. Não há como não remetê-los a "Cazuza".

"Zuzu Angel" é filme com caráter de relato. A história é narrada de acordo com a gravação que a estilista famosa fez questão de registrar para a posteridade. Válido para quem, de repente, está curioso para conhecer esse fato histórico brasileiro de uma mãe que ganhou uma canção de Chico Buarque. Dois bons atrativos para se querer saber quem é essa mulher.

sexta-feira, 25 de agosto de 2006

Polética

Muniz Sodré, em debate sobre a possível elaboração de um único sindicato que abrangesse jornalistas e assessores de imprensa, se posiciona, antes de mais nada, a favor da ética. Concordei com tudinho que saiu da boca dele. Ninguém sabe se definir nesse bolo e as cabeças arcaicas que não querem compreender a comunicação corporativa dificultam ainda mais a divisão das fatias. Natureza política. A visão romântica do "jornalista de jornal" não acompanha mais o ritmo urbano. Que decepção eles não assumirem a realidade! Parece que ela só vem quando não existe outro rumo e é a única alternativa contra o desemprego.

Por que não aceitar a comunicação como um ótimo serviço (rico, estratégico, ideológico) que pode ser oferecido às empresas? Por que não tratá-la de forma tão digna quanto a do repórter ou do editor? A essência da neutralidade do jornalismo de redação, eminentemente social, pode até ser afetada nessa hora, o que não quer dizer que o assessor não detenha certos princípios em relação ao trabalho desenvolvido no âmbito particular, seja na esfera privada, pública ou no Terceiro Setor. Ele também segue uma conduta tanto quanto o contabilista ou o advgado.

Não esqueçamos ainda a utópica crença de que cobertura de jornal é prova da realidade. O fato está muito longe de ter sido o que você leu no jornal ou viu na TV. Os comunicadores não se atinam para sua percepção em cada termo escolhido na matéria transmitida. Século XXI e tem gente saindo da faculdade achando que alcança a imparcialidade. Ai ai... E a briga para o ângulo
da matéria mais favorável ao lado A ou ao B da história? "Jornalistas de jornal", atenção! Vocês trabalham em uma empresa e a censura não é apenas ética, mas principalmente econômica. Não se façam de desentendidos com os anunciantes que os sustentam. Peçam de vez quando licença ao egocentrismo que está a sua frente e tentem enxergar os atos da sociedade como eles são.

A comunicação é um bem social? Eu afirmaria que sim. Mas a forma como ela vem sido feita é preocupante. Aqui em Fortaleza é baixaria total na TV local no começo da tarde. Vergonhoso. Os impressos ainda tentam elevar a qualidade, às vezes conseguem, o que impede é a cultura política predominante. Por isso, volto ao Sodré e concordo quando ele fala na existência da ética somente quando ela vem atrelada à política. Privilégio de informações, relações por interesse, troca de favores, compra de serviços, má qualidade do que se transmite, patronato X salários medíocres (quando existem...). É coisa de hábito, sabe?

É por isso que sou Sodré, digo sim à POLÉTICA!!

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

A TV na linha de frente do combate eleitoral

Quem ainda não parou os olhos em frente à telinha na sala de casa para observar o show de promessas eleitorais está deixando de participar do processo de captação eleitoreira, uma guerrilha que acontece a cada dois anos. Os candidatos brasileiros já se apresentam ao público com todas as armas disponíveis e estratégias previamente definidas. Basta um pouco mais de atenção e até você, que não é um Duda Mendonça, pode decifrar algumas delas.

Um dos fatores que colaboram fortemente para o sucesso das campanhas via TV é a característica do indivíduo do nosso país, que, como de praxe, não tem consciência – e nem interesse – pelo conhecimento. Sim, saber mais sobre o comportamento humano e social e estudar as práticas de quem compõe a estrutura política brasileira já é um bom começo para a percepção dos dispositivos deles e, conseqüentemente, aumentar sua munição intelectual extremamente valiosa no momento decisório.

Aqui vai uma mãozinha para quem se interessa pela disputa. Primeiro, é preciso que se reconheça os mitos da autocompreensão. São eles: o da liberdade humana, que a define como a capacidade de adotar crenças e comportamentos autônomos, baseados mais em convicções do que em doutrinamentos ou emoções; o da racionalidade humana, que trata do caráter dual da pessoa e do constante conflito entre razão e emoção, sendo esta a grande definidora de nossas decisões; o da consciência, que atribui aos estímulos inconscientes a maioria das atitudes que tomamos no dia-a-dia e, por fim, o mito da percepção objetiva, o qual afirma que perceber é um trabalho seletivo e de interpretação, condicionado tanto por padrões culturais como por tendências pessoais de caráter sentimental.

Agora, imagine você assistindo ao horário eleitoral gratuito tendo em mente o mínimo desse conhecimento. Já conseguimos algum avanço, certo? Mas a empreitada pela defesa da nossa capacidade de decisão não pára aqui. Exemplos de como a mídia já foi utilizada a serviço do poderio político também contribuem para o nosso objetivo.

Joan Ferrés, em Televisão Subliminar, descreve várias situações, em diversos lugares do mundo, nas quais a televisão e as artimanhas publicitárias foram determinantes para a vitória dos candidatos mais coerentes com a tecnologia de abrangência massiva. A conclusão de que “as campanhas eleitorais foram transformando-se em verdadeiros festivais nos quais o espetáculo conta mais do que a ideologia, a paixão mais do que a reflexão, a emoção mais do que a argumentação” (pág. 182) indicou um dos princípios-chave do Estado espetáculo: o conhecimento das emoções que o líder despertará e seu conseqüente aproveitamento.

O autor continua e justifica o poderio da televisão afirmando que os falsos mitos “impedem a tomada de consciência da complexidade da experiência de ser telespectador e, em conseqüência, do extraordinário poder socializador da televisão, do alcance real de seus efeitos”. (págs. 14 e 15) Imagens na imprensa escrita e na TV da morte de um oficial guerrilheiro no Vietcongue foi o necessário para sensibilizar os americanos, os quais sabiam que milhares de pessoas morriam no combate. O impacto emocional mobilizou a opinião pública contra a guerra, algo que centenas de páginas escritas não haviam conseguido. Um exemplo da influência da potência emocional no ser humano.

Inevitavelmente, o discurso político torna-se cada vez mais próximo do discurso publicitário, e nós, sem a percepção de que somos consumidores das propostas sociais, cedemos continuamente à sedução da mídia. Imagem pura. Muito longe do convencimento, somos vitimados pela beleza e influência espetaculares que a telinha proporciona. Nas histórias do mundo, temos o ator Mikhoels orientando Stálin; o famoso Goebbels, doutor em filosofia e ministro da Propaganda na Alemanha nazista, o fazia com Hitler; o publicitário baiano do início do texto também leva o mérito pela conquista da presidência do Brasil pelo pobre operário nordestino que recorre atualmente ao Botox rumo à disputa eleitoral de 2006. Vida de político não é fácil, não; e sai caro!.

Com estas proposições, já se pode contar com um bom armamento contra as tentativas de burla do inimigo: a compreensão do discurso político encenado e a percepção dos fatores que o legitimam, como a identificação provocada no receptor que se mostra, então, crédulo às “propostas”. Não esqueçamos jamais das pesquisas de opinião, principal mecanismo legitimador. É para estes alvos que nossa munição deve apontar. O lema é: “Precaução máxima com o aparelho de TV”. Alerta sempre. Enfim, são apenas recomendações rápidas em defesa do nosso patrimônio intelectual e financeiro.

Por Juliana Sousa

A seguir, algumas marcas de Duda Mendonça no governo e no PT:

Festa da posse
Foi totalmente concebida pelo publicitário, desde os desenhos dos palcos na Esplanada dos Ministérios até a idéia de que o presidente Lula percorresse a Esplanada em carro aberto, passando no meio da multidão. Também foi registrada por sua equipe em película, para exibição posterior.
Custo divulgado: R$ 1,5 milhão (total da festa)

Fome Zero
Duda idealizou o nome do programa de segurança alimentar, a logomarca (prato com talheres dentro da bandeira do Brasil) e a campanha publicitária na TV, com o slogan “O Brasil que come ajudando o Brasil que tem fome”. O locutor é o mesmo da campanha.
Custo: R$ 3,5 milhões

Logomarca do governo
A palavra “Brasil” aparece em várias cores, com uma bandeira do país na letra “a”. Abaixo, aparece um subtítulo: “País de todos”. A marca é usada para identificar obras, sites, documentos e propagandas do governo.
Custo: segundo a Secom (Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica), Duda não cobrou pelo trabalho.
Fonte: Revista Primeira Leitura

*Trocando de monitor:

Efeito Copa do Mundo: os acessos à internet caíram 70% durante os jogos do Brasil. Na televisão, a audiência quadruplicou.

Efeito horário eleitoral: 28% dos aparelhos de TV são desligados quando começa o programa eleitoral noturno. Os acessos à internet sobem 30% e as compras virtuais, 8%.

Fonte: Plug e Ibope.

Referências bibliográficas:
- FERRÉS, Joan. Televisão Subliminar: socializando através de comunicações despercebidas. Porto Alegre: Artmed, 1998.
- PRIMEIRA LEITURA, São Paulo: n. 17, jul. 2003. Mensal.
- VEJA. São Paulo: v. 1970, n. 33, ago. 2006. Semanal.

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Click, o filme



Em "Click", Adam Sandler é um arquiteto workaholic que se depara com um controle remoto universal e, detalhe, o tem sob seu poder, o que se pode considerar um verdadeiro perigo mundial! Interpretando Michael Newman, Sandler também produziu o filme que vem provocando - como sempre, no seu estilo - gargalhadas prolongadas da platéia. No elenco, ainda figuram o grande Christopher Walken e a bela Kate Beckinsale, que atua como a esposa do arquiteto trapalhão, pondo-o ainda numa posição mais hilária: "Como ela pôde se casar com ele?".

A obra chega a ser interessante se pensarmos nos pontos mais diversos que ela aborda. Apesar de ser uma comédia, o filme pensa o papel do pai na instituição social família. Depois de muito riso, a sala do cinema é tomada por uma onda emotiva e o silêncio paira evidenciando o toque interno que as cenas provocam. O diferente é que esse tipo de abordagem se inicia "sozinha", distante do humor. Quando Michael Newman quer ser sério, ninguém segura, o choro é inevitável. O mesmo vale para as gaitadas, como chamamos aqui.

Uma comédia leve sugerida para um domingo tranqüilo, daqueles seguidos de pizza e gostinho ruim da lembrança do dia seguinte: segunda-feira. =/
O que salva a sugestão são realmente as piadas idiotas e a velha fórmula emotiva que perdura "hasta hoy". Ah, sempre vale a pena rir e chorar com o Adam, né?! =)

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

Creatione I



Esta foi a primeiríssima. Mãe de muitas que virão.
Éééé!!! Maumau e Juju na área, cumpade!

Sai da frente! Uhuuuuu!!!!
=)

terça-feira, 8 de agosto de 2006

Scribere

Escrevi, escreveu. Um escrito.
Nós somos o tom da palavra do grito.
Risco leve que acalma o espírito.
A letra é válvula do mito infinito .

terça-feira, 1 de agosto de 2006

Política de boa vizinhança


"Que não se preocupem os vizinhos do norte, que não pretendo exercer meu cargo até fazer 100 anos".
Fidel Castro, presidente de Cuba
Fidel entrega "temporariamente" o poder ao irmão Raúl depois de cirurgia provocada por aguda crise intestinal com prolongado sangramento, de acordo com os médicos. Informações sobre seu estado de saúde passam a ser "segredo de estado" só para os vizinhos do Norte não tomarem total conhecimento. Cubanos exilados festejam em Miami.
Nos últimos 47 anos, essa foi a primera vez que Fidel transferiu todos os seus poderes. No próximo dia 13, ele completa 80 anos. Os vizinhos do Norte desejam e até torcem pelo fim de sua era, o que definitivamente não querem é a tomada de um governo fraco, não querem entupir a Flórida de cubanos.
Na ilha que sobrevive à sua maneira, os presos são ditados pelo imperador. O que eles pensam? O que eles podem pensar? A luta foi linda, mas cadê a liberdade? Valeu a pena? Pra mim, pelo menos, é uma incógnita.

domingo, 30 de julho de 2006

URBES FAVELA - Velocitate pueril


De 26 a 29 de janeiro, Fortaleza assistiu ao multiculturalismo na dança de quase 300 crianças e adolescentes que mesclaram, durante quase 60 minutos de apresentação, o diálogo corporal e o lirismo farto de Manuel Bandeira em sua poética. Os meninos atendidos pela Escola de Dança e Integração Social da Criança e do Adolescente (Edisca) transmitiram, em todas as oito exibições no Theatro José de Alencar com público máximo, a linguagem da favela urbana.

No espetáculo, música de rua, reggae de Marley e batidas estrangeiras que evidenciam a invasão de outros mundos aqui. "Idioteque", do Radiohead e Marisa Monte falaram a contemporaneidade das cidades abarrotadas de gente: "Take your money and run..."; são vidas que não precisam ser lembradas. São números que ficam a cargo e responsabilidade dos fuzis, o corpo imóvel carregado em uma cena comum, um balé nada inusitado.

O palco do teatro suportou os pés, os pulos e os gritos daqueles meninos e meninas que pedem não muito, aquela atenção de platéia já ajuda. Um ano de oficinas e trabalho diário intenso fez com que jovens moradores de bairros carentes de Fortaleza conhecessem a responsabilidade de todos os dias. Foi fixado ali um compromisso para com eles próprios, empenho nunca antes exigido. Afinal, o nada não pede esforço. As aulas de dança foram um ótimo pretexto para a inserção social e, de quebra, ainda passam a cultuar a rica integração de corpo e mente. Eles carregarão isso sempre.

Urbes Favela mexe com quem assiste, intriga o incômodo que a velocidade pueril sofre em conseqüência do imediatismo moderno, todos já são adultos e a lentidão mórbida os tornam zumbis desse tempo de sono que o país parece viver. Ninguém acorda por total. O PCC, em São Paulo, ainda tentou, mas o depertador foi reativado no snooze, mais uma vez. Incrementemos, então, nosso mundo onírico com as danças dos meninos carentes, ainda que pra eles nada daquilo fuja à sua crua realidade.

quinta-feira, 27 de julho de 2006

A história da própria cabeça é a dos nossos dias


"Eu devia ter uns 7 anos. A professora sempre mandava a gente fazer composição sobre estampa de vaca, estampa de pintinho. Uma vez ela disse: ' Hoje cada um vai fazer uma história da própria cabeça ' . Foi nesse momento que eu comecei a ser Nelson Rodrigues. Porque escrevi uma história tremenda, de adultério."
(Entrevista concedida à Revista Playboy em novembro de 1979).
Sem controvérsias, o melhor que o teatro moderno brasileiro já teve. Mais uma vez, minha nostalgia inexplicável de uma época a que não pertenci vem à tona. Desta vez, e como tantas outras, o Nelson me toma de supetão e eu queria estar em seu tempo, naquelas ruas onde as mulheres de vestido e batom vermelho usavam salto e mostravam as pernas, rebolavam e paqueravam segurando com charme a bolsinha da cor do vestido debaixo do braço, passo apertado, sempre com muito feminino no jeito.
Naqueles anos, quando as noções de casamento e adultério foram transpassadas, modificadas, os jovens casais eram empolgados pelo proibido. Na verdade, Nelson os movia por esse instinto. E pelo trágico que o permeia, encontramos ali a realidade social do brasileiro dos anos dourados que vivia algum sabor. Ele contava a história da vizinha, a traição do amigo de trabalho, os tragos dos jornalistas em crise de consciência moral diante da pressão ideológica. O topete do malandro e os afagos em camas de outros donos.
Falo disso porque, nos tempos de hoje, o vazio tomou conta de tudo. Não temos o impulso pelo proibido saudável, a individualidade enfraqueceu o amor trágico e os filhos são projetos pra depois. A programação reina e ninguém tem o prazer gratuito de levar uma brisa no rosto às 16h da terça-feira porque a agenda está lotada. A esposa e o esposo são papéis de antigamente.
O nosso maior dramaturgo exibia as farsas da gente, os cotidianos que viraram peças de sucesso com a identificação imediata. Sabia do amor maior (por isso o trágico), conhecia as fraquezas das relações do dia-a-dia, falava como ninguém da paixão que ferve. 25 anos depois de sua morte, eu apenas intento as emoções do seu gosto vivido. A seguir, um depoimento do quão real eram aqueles causos:
"Durante 20 anos, durante toda a década de 40 e toda a década de 50, fui um homem absolutamente só. Combatido, me chamaram de tarado, de cérebro doentio. Poucas pessoas, algumas exceções como Gilberto Freyre, José Lins do Rego e Manuel Bandeira, me estimulavam. Mesmo o Manuel Bandeira chegou pra mim um dia, quando eu e meus personagens éramos odiados, e disse: ' Nelson, por que você não faz uma peça em que os personagens sejam assim como todo mundo?' Eu respondi da forma mais singela: 'Mas, meu caro Bandeira, meus personagens são como todo mundo.' Porque uma coisa é verdade: quem metia ou mete o pau no meu teatro está procedendo como um Narciso às avessas, cuspindo na própria imagem. "
(Ao JB em 14/04/80)

quinta-feira, 20 de julho de 2006

Fadigar


Hoje o cansaço tomou conta de mim. E eu não sou das que conta isso com orgulho. A cafeína de todos os dias engana meu organismo aos poucos, e eu já não faço mais questão do controle. Pra quê? Os olhos só abrem para o agradável, as letras só ensaiam seu prazer. No vai-e-vem rotineiro, ouvir a boa música relaxa meu olhar, meu andar descansa e de repente eu me despreocupo. Esse escuro não condiz com a minha esfera, sou de cores.

OBS: Ao escrever sobre minha própria fadiga, meu principal ânimo acaba de vir me ver. Ele vai rir ao ler e entender tudo) .

É incrível. O esgotamento cessou. Vou para a última etapa do dia.

quarta-feira, 19 de julho de 2006

Sí, en español


Las letras de hoy no son las de siempre. Yo las tengo cariño e un cuidado que no es mío, por sinal. Las frases de ahora no son las de costumbre, ellas piden más. Yo les entrego lo más de mi, de todo lo que me gusta. Sí, estoy sorpresa por el todo. La película de los momentos son distintas de las usuales, el cuento cambió. Yo quiero ser la misma de siempre. Intento mis ganas usuales, los miedos consejeros, las voces que nunca dejaran de ser apenas sonido.

Una mujer latina solo sabe lo que es porque la sangre siempre joven evidencía. La sonrisa es una denúncia. Lo alegre de la danza contagía toda la gente y los colores son infinitos. El calor nos hace ser buenas, las mejores en cualquier paisage frío, hasta cuando somos solitas. Bella, fuerte, única. Mujer latina. Yo soy una.

terça-feira, 18 de julho de 2006

Fame triste


Tô com fome de bebida, fome de comida, fome de parida.
Apetite para a vida, a comida é tampa da ferida.
E se você quiser comer, peça a preferida.
Na ida, faltar-lhe-á a acolhida. Sentida. Pedida.
No final, a fome não é matada, ela só é vivida.

Sanduíches entristecem.

segunda-feira, 17 de julho de 2006

Vibratione


Ele é isso mesmo. Não há outro melhor termo para a definição de Marcelo Falcão. O cara detona quem tiver por perto, ainda mais se sua voz estiver vibrando através de gigantescos paredões de som. No dia 15 de julho, O Rappa fez show na capital cearense e contagiou até quem não conhecia a salada deliciosa de reggae, rock, samba e eletrônico. A casa de show com ar condiconado abafou a fumaça expelida. Enclausurados no ambiente, ficamos todos embriagados com o cheiro e o som suado.

Chorando a voz dos massacrados pelo sistema, Falcão fez quem estava ali sentir um pouco da dor dos que não têm vez. No contrabando de idéias que a banda assume praticar, fizeram o rapa, por algumas horas, na sujeira que contamina a massa social. Escancarando as mazelas políticas, a música vibrante denuncia as falsas autoridades do país. Em analogia perfeita, O Rappa as simboliza nos fardados que invadem a rua 25 de março da maior cidade da América Latina. Quem é o maior traficante dessa história?

Os cariocas ainda incrementam o palco com o grande relógio da Estação da Luz, em São Paulo, um dos edifícios-símbolos de um dos maiores centros comerciais do planeta. Os ponteiros não deixam esquecido o tempo que regra os habitantes metropolitanos e, ao fundo, o metrô com iluminação que dá idéia de movimento, a "minhoca de metal" do Brasil da Central. A cidade que não pára.

A banda justificou para os presentes o porquê do sucesso alavancado progressivamente ao longo dos anos. Numa interação sincera entre músicos e público, os rapeiros nos estimulam à empreitada do não-óbvio, à inserção no contraditório social. Eles nos fazem querer ser do morro. Quando eles cantam, eu tenho orgulho das mulheres que sobem e descem à procura de água, à procura de paz. A paz que elas querem. Paz que é muito para quem não tem nada.

quinta-feira, 13 de julho de 2006

Circulu


Círculo é infinidade. Impressão de movimento constante. Rotação propulsora contínua produtora de energia. Olhe para o centro e o contorno se move. Mire pra vc e sinta-se exatamente no meio da grande esfera. Como o protagonista do filme.

Acordei às 4 da manhã e minha cabeça gira sem parar. Dia real.

domingo, 9 de julho de 2006

Parabéns no 4 de julho!


AêÊêÊêÊê!!!!
"17" aninhos comemorados com amigos e o amor delaaaaaaaaa!
Essa é a Andrezza, minha cunhada de todos os tempos, já é de casa. É do meu irmão. É nossa!!
A foto foi no dia do níver dela, que curtiu os abraços, beijos, desejos de paz e felicidade, a comida e os presentes, é claro! =P

No momento registrado, ela está nos braços dele, ao natural e feliz, do jeito que todo mundo quer ser um dia. Parabéns, Andrezzita. Vc merece é mais, muito mais por toda força de mulher que tem. Bjããããoooo e tudo de melhor!!! =)

*Na foto, ao fundo, a cantora que enxugou o suor com o guardanapo que enviamos os nossos pedidos, entre eles, Raimundo Soldado. Será que foi por isso?

Alteru


Hoje foi um dia assim. Mais pros outros do que pra mim. Ontem e hoje. E é bom fazer sem pensar em vc. Satisfazer outro sorriso, ganhar um "obrigado" com o olhar. A era da sobrecarga precisa disso. O individualismo cansa, enjoa até. É um saco existir só pra si. Sinto que meu egoísmo se esvai. E o surpreendente: estou ótima! É o engraçado do inexplicável e gigantesco mistério chamado vida. Som de violão me conforta.

Fui toda pra alguns, menos pra mim. E, puxa, observar isso depois dá prazer. Fiz por gente que nem conheço, agi gratuitamente. É amor? Amar o próximo? Será? Poderia fazê-lo sempre. Viver disso. É bom existir na união, ser um pouco do muito, uma das andorinhas do verão. Perceber-se na multidão e saber que o seu pouquinho fez alguém feliz, ainda que na mesma intensiade do ato. O outro nunca deixa de ser algo de vc. Deveríamos pôr o outro sempre em primeiro lugar. Já pensou? Não, não dá... Somos humanos, não dá... Droga!

Vou me aceitar assim. Admitir o mundo do jeito que me foi explicado; o indivíduo da forma que se construiu. E continuamos montando as sociedades desta maneira. Sem pararmos para uma pequena reflexão que nos indicaria o caminho pelo outro. O outro como o propósito do seu bem particular. O coletivo como parte integrante para a satisfação própria. Ainda que a lógica tenha caráter egocêntrico, ela contemplaria o seguinte. Seria uma boa saída.

sexta-feira, 7 de julho de 2006

"Tem que estudar latim, menina!"


Ele é simplesmente show! Sintam só a pancada: advogado, professor universitário, presidente da Academia de Ciências Sociais do Ceará e coordenador de Pesquisa Acadêmica da Faculdade Christus. Ufa! Além desses títulos, o professor João Lemos é dono de muitos outros. Lá vai: espontaneidade, comunicatividade, simpatia e muita, mas muita vontade mesmo de ensinar! É bom demais bater papos com essa figura. Escreve ótimas poesias. Um dia, caí na besteira de indagá-lo sobre o amor e ouvi extamente o que idealizo em relação ao sentimento maior. Não é só nos termos jurídicos e nas regras dos textos acadêmicos que ele detona, não. Na vida, ele é PhD.

A foto acima registra o dia do 18º aniversário da Academia que ele preside (se liguem na cadeira). Cheio de naturalidade, ele comandou a solenidade sem nenhuma formalidade forçada, ele não precisa. Ao natural, o professor João Lemos consegue ser o melhor. E a beca? A cor mais bonita que eu tive de elogiar no dia seguinte. Fez todo mundo rir com o aviso "Calma, já tá acabando" depois de perceber o espanto das pessoas com as três folhas de seu discurso. Palavras estas que nem necessitavam de atenção prévia. Ele tem a moral de falar o que pensa, na lata.

Outro dia levei um conselho-carão porque não sabia latim. Seguindo o valioso conselho, está entre os meus planos entrar num curso. E eu sempre quis mesmo. Tenho muito carinho por esse mestre. Ele é experiência pura. Vivenciou fatos e sabemos que contra estes não há argumentos. Professor João Lemos, envio-lhe, virtualmente, um abraço cheio de admiração e contentamento pela oportunidade de conhecê-lo.

quinta-feira, 6 de julho de 2006

Música-da-Mata


Ainda bem
Que você vive comigo
Porque senão
Como seria esta vida
Sei lá
Nos dias frios em que nós estamos juntos
Nos abraçamos sob o nosso conforto de amar
Se há dores tudo fica mais fácil
Seu rosto silencia e faz parar
As flores que me manda são fato do nosso cuidado e entrega
Meus beijos sem os seus não dariam
Os dias chegariam sem paixão
Meu corpo sem o seu uma parte
Seria o acaso e não sorte
Neste mundo de tantos anos
Entre tantos outros
Que sorte a nossa, heim?
Entre tantas paixões
Esse encontro nós dois esse amor
Entre tantos outros
Entre tantos anos
Que sorte a nossa heim?
Entre tantas paixões
Esse encontro nós dois esse amor

Ainda Bem.
By Vanessa da Mata.

Música. Do Lat. musica; Gr. mousiké, das Musas, das belas-artes, especialmente dos sons. Música é bom demais. Mata de prazer ouvir um bom som, aquele que é "a sua cara". E eu morro de escutar a mesma faixa milhares de vezes. Música é a arte e a ciência de combinr esses sons em harmonia. No momento, Vanessa da Mata tem preenchido meus ouvidos com a melodia leve e simples das canções apaixonadas. Bacana demais. Depois de penetrada na mente, não há quem consiga observar a letra apenas com os olhos. Só consigo cantar "Ainda bem". Me mata.

Uma vontade de quem estudou um pouco de Análise do Discurso. Falar sobre as formações textuais: utilizar o "sei lá"ou o "senão" na letra da música foi fantástico para a frase cair na boca de qualquer um. Boa munição no meio pop (que ninguém consegue definir, então pode-se dizer que é MPB também. Afinal, ela canta algumas do Caetano, não é isso?)... "Conforto de amar" traduz em outros termos a tranqüilidade interior que o sentimento traz . Boa também porque é expressão incomum. Pequena e arrumadinha, é quase intelectual. Matou a pau, Vanessa.

"Cuidado" e "entrega" nem preciso dizer. São as palavras exatas pra quem tem um amor. "Tantos outros", "anos" e "paixões", é "sorte" mesmo achar que encontrou o alguém ideal. E é ótimo se imaginar como sortudo(a) porque amor de verdade é raro. Daí a dignificação da sensação. A raridade dá status de excelência a quem alcança. Lá vai o amor se justificando como o maior dos sentimentos de novo. Mais uma dentro. Vanessa mata mesmo. Acho que ganhou mais uma fã, viu?! =)

terça-feira, 4 de julho de 2006

Sapore mille


Que sabor vc tem?
Que gosto vc dá?
A boca prova o que o interno clama.
A boca fala a língua da mente.
O dente morde o sólido suculento.

Vamos nos deixar beijar, meu bem.
Prova a minha carne que eu testo teu sabor.
Reciprocidade sem parâmetro é a saliva.
Vem, vem, vem!
O vermelho te chama.

Não precisa de olho, nem de cheiro.
A boca é competente no paladar.
A sensação é completa na descida.
É festa de salgados, doces, amargos e azedos.
Vem, sinta comigo todos os gostos.

Esmero


Noite de domingo, todo mundo em casa, comendo pipoca e vendo Faustão.
E nóis, que que faz? Trabáááia!!

Mas eu gosto! =P

segunda-feira, 3 de julho de 2006

Vita



Datas, hora, agenda, projetos.
Pára!
Continuar, seguir, movimento, levar.
Não pára.
Aqui, junto, silêncio, sustentáculo.
Fica.
Solto, livre, distante, um.
Não dá.
Olhar, calor, sentir, pra mim.
Você.
Crer, você, gostar, querer.
Eu.
Começo, parceria, fertilidade, vida.
Nós.

Teste


Faça vocę também Que gęnio-louco é vocę? Uma criaçăo de O Mundo Insano da Abyssinia
Que gênio louco você é? Eu sou o Kubrick! Éééé!! =P
Teste bacana pra quem tem curiosidade sobre si.
(O interessante é que eu posto sem ainda ter divulgado o site pra ninguém. Sou só louca; gênio definitivamente não).

domingo, 2 de julho de 2006

Amicitate II


O semblante de piveta é inegável. Essa foto já tem uns oito anos. Tempo de construção de um sentimento muito vivo e bacana entre mim e a Bel. Ela é a minha "cumade", de todos os tempos e todas as horas. Sabe de mim. Já chorei de alegria quando tive noção disso tudo. Oito anos, cumade. Durante quatro deles, o contato era diário, mas como boas estudantes que fomos, a universidade provocou distância física, ainda bem que foi só essa. =)

Aí vem o tempo e bota na mesa todas as cartas reveladoras de que, de piveta, vc só tinha esse rostinho mesmo. Sempre foi a dona dos comentários mais coerentes. Cheia de amor próprio. Datas nunca foram esquecidas. A super memória também é dela, me ajuda na lembrança dos momentos. Ela revive, enquanto eu me esforço e quase nunca lembro. Isso já virou piada.

Hoje, a Isabel é um mulher linda - e fortíssima - porque tem o valor raro que as menininhas da nossa idade não têm. Eu simplesmente acho o máximo não sermos iguais, não integrarmos essa maioria banal. Amamos nossas mães e agimos como se conhecêssemos a vida. Nosso diferencial.

Minha cumade, sou uma grande fã sua.
Mil beijos.

sexta-feira, 30 de junho de 2006

Amicitate


Porque amizade não se discute mesmo. Não se aponta pra escolher. E se torna engraçado imaginar o caminho torto dos laços afetivos. Somente após um ano depois de conhecer a Mônica, nós fortificamos os contatos e a amizade deslanchou. Com direito a provas e tudo mais, hein?!

Insistindo no propósito de construção, posto nesta página sobre vc, minha amiga. Sei que posso contar e confiar. Agradecer e exaltar. Gratíssima a tudo, mando-lhe um super abraço.

Libertate


O sossego de antes desapareceu. Há algo diferente por aqui. É bom pensar como inocente, é bom não ter obrigações sérias, é tranqüilo não ter que olhar sempre pra cima como se fosse imbatível. Ninguém é imbatível. A companhia fortalece, ter o outro ajuda. É a velha questão dos sentidos necessários à mente que pretende sobreviver no meio. Por que a alma não cansa?

Vou sair do cômodo, penetrar o real, desligar-me do conforto da espera, vou me jogar nos dias. Eu vou pisar no chão, descalça.
Auto-suficiência, comprove-me o que exibe a todos!

Ontem foi um momento descompromissado. Como eu quis, como eu gosto. Dar um basta em obrigações, ainda mais as pequenas. Tarde com chocolate, refrigerante, pele e olhar. É o que vivi. A liberdade como eu gosto e como eu quis. Acho que meu objetivo é ser criança.