segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Dama do Cassino

Eu prometi e cumpri mil carinhos
E muito respeito
Amor perfeito nos momentos bons
E nos momentos maus
Mas essa dama danada nunca encontra
Nada a seu jeito
Ela só busca as espadas, os ouros
As copas e os paus

Eu planejei sete luas de mel
Caravanas e tropas
Museus, paisagens, perfumes, vestidos
Receitas e roupas
Mas essa dona maldita sequer
Acredita em Europas
Ela só sonha com ouros, com paus
Com Espadas, com copas

Diz-se que quem é feliz no amor
No jogo é infeliz
Mas de quem faz do amor
Um jogo o que é que se diz
Eu não sei jogar e ela é a rainha
Como poderei pensar que ela é minha?

Eu escrevi canções pra caminhões
De guitarras e couros
Que se tornaram estouros em mais
De muitos carnavais
Mas pra essa Diva jamais
O sambódromo, o autódromo, os touros
Ela só fica pensando em paus
Copas, espadas e ouros

Eu já fiquei como Erasmo
Sentado à margem das estradas
À espera de uma palavra da boca
Um gesto das mãos
Mas essa deusa só diz nãos e
Nuncas e necas e nadas
Ela só sabe de paus e de ouros
De copas e espadas

"Ney, você é show, sua voz é linda! "

Desbocando no blog da Renatóviski

Quinta-feira, Agosto 24, 2006

"Será que ela existe mesmo ou só anda perdida por aí?!
Paz?

Fatos e fotos
Retratam a vida
Pintada em vermelho
Pelo sangue derramado
De inocentes sem vidaEm seus leitos de paz
Paz?
Palavra vencida
Passada da validade
Sem a menor vaidade
Perdeu o status
Em tempos de dores
E lágrimas insones
Onde nada somos
Ou nem sequer podemos sonhar...
Diante de tantos ataques
Fogo cruzado entre povos
Assistimos como expectadores
Aterrorizados pela fumaça
Que densa se faz e desfaz
Triste cidades em pedaços
Onde vidas vão sendo roubadas
Por covardes ladrões de almas
Ouvimos gritos soltos
Altos, perdidos no espaço
Desesperados pedindo socoro
Em busca de um fio de esperança,
ESPERANÇA?!!!
Mas essa de tão velha
Já nem ouve mais...."

posted by Lua at 7:06 AM

JuHits disse:
É um vexame internacional ver a ignorância do Bush ceder às táticas dos fundamentalistas. Eu até respeito a luta religiosa pela terra que o Deus de cada um prometeu. A morte digna de um corpo que se mata pelo maior inalcançável no mundo palpável. Agora, assistir em casa o tom falho de "ordem inteligente" daquele jeguezinho me dá nojo. O sangue do seu texto está muito mais vermelho por causa dele, que é a favor até da matança americana. Nenhum país produz tanto filme de autodestruição como o dele. Dá um nó na minha garganta acompanhar isso em pleno século XXI. O Bush foi uma das piores catástrofes mundiais.
28 Agosto, 2006 13:23

domingo, 17 de setembro de 2006

Civitate de Amore


Sou leve, me sinto samba, sono, luz. É você, meu bem, grande motivo da minha calma, justificativa ideal pro meu levar à toa. Já me sinto a sua benvinda companheira de que Chico fala. E quero sê-la no ideal. O som do dia acordado irá nos apressar e vamos questionar como é difícil amanhecer. A cidade dos indivíduos precisa amar. Será que conseguimos?

Os afazeres vêm nos pertubar e eu te chamo pra fazer samba comigo até mais tarde. Vou tornar mais longo o bom do seu dia e mais radiantes as cores ao seu redor. Vou gritar dentro de você e deixar o som ecuar por quantas vezes quiser ouvi-lo. Vou te girar e me girar em você. Vamos ficar tontos, mais tontos. Intento te surpreender. Apesar do sempre, vou buscar ser novidade e insistir no belo.

Vou te provocar a leveza, o samba, o sono e a luz que sou hoje. A pressa urbana não será abalo, meu colo vai te acalmar de todas buzinas, de todos os sermões desnecessários. Eu me camuflo no meu cheiro onde quer que você esteja. Te provo a segurança a que o nosso sentimento nos induz. Nada de correria. Vamos fazer samba e muito amor na calmaria do nosso lar. Espetacularmente nosso.

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Poliamor


Em poucas de minhas inserções discursivas no orkut, entro numa comunidade de discussão de relacionamentos baseada na idéia de que o diálogo é A solução. Indicada por uma amiga com quem realmente exercito a tal prática salvadora, achei interessante e penso que pode ser super produtiva essa nova comu. Lá vai a Juliana em sua primeira aparição, o tópico é o mesmo que intitula este post:

"Poliamor é possível, sim.
É possível alguém amar mais de um alguém, da mesma forma até. Difícil talvez seja acreditar nesta possibilidade e encará-la como fato. O amor romântico nos ensinado e idealizado sempre não nos permite aceitar racionalmente a idéia de gostarmos com a mesma intensidade de mais de uma pessoa. Mesmo sendo este amor o de homem-mulher. A monogamia ocidental, aliada à Igreja, taxa de feio a mulher que sente atração por outro - e o pior, por outra! - que não seja o seu marido, o cara de sua vida com quem casou e é pai de seus filhos e ai dela (da mente dela em relação a tudo) se um dia olhá-lo e não ver mais tanta graça assim.

A grande chance de estarmos discutindo isso é a alteração de valores que vem, em alguns momentos, a nosso favor. Nós, mulheres, hoje, já não somos criadas para depender de homens, o que desencadeia em um monte de outras desobrigações. Homens podem ser um ótimo começo e meio no percurso da egoísta vida atual, mas não são mais um fim. Não nos propomos apenas a um casamento e maternidade como acontecimentos que nos completariam como mulheres.

Confesso, também, a tristeza, por um lado, de observar meninas-homens em todas as suas esferas. As jogadoras de futebol retratam bem o exagero de algumas de nós nessa ânsia de ocupação do que antes era só deles. Competição é o termo que guia a estratégia de muitas mulheres na busca pelo seu espaço. Não gosto muito, não acho bonito. Nós menstruamos, geramos bebês e os parimos, temos de ter consciência do delicado quase sagrado intríseco a nós. Chegamos perto do amor maior.

Viver em harmonia com os homens e as outras coisas do mundo, sem preconceitos de que o desejo por outro vire pecado pode ser o grande lance da convivência humana. Os bruxos e os cientistas já foram queimados, hoje a matança é a mental. A culpa de que Nietzsche tanto fala nos consome diariamente. Mais de 2000 anos após a história do "Salvador", nos vemos presos a nos punir pelo amor a mais de um. Irônico, não é? Eu defendo o poliamor, em todas as suas formas e em todos os seus tempos".

Vamos ver no que vai dar....

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Ratio essendi


Quando a sensação do gostar invade é a injeção de vida que chega novamente. Brilhante ser humano divino este que por aqui vive. A sensação é a dos dias, das manhãs claras de vento frio na Fortaleza de 27º C, no dia 11 de setembro de 2006. O cheiro bom de gente circulando, o sono que se esvai naturalmente. O gostar te proporciona a percepção de tudo isso.

Maravilhada, só consigo ser grata pela vida. Pela mãe que me dá o maior amor do mundo, os amigos que me mostram a alegria fácil, o parceiro ideal que se empenha por um projeto nosso. Hoje eu senti o viver como há tempos não o fazia. Por isso o texto subjetivamente alimentado. O motivo? Uma demonstração de querer enorme, uma dedicação gratuita por um ideal de amar tranquilamente. Produzir e reproduzir no ciclo.

A rotina quase faz sentido nessa hora. Os relógios quase se justificam não deixando dúvidas para as rugas. O mundo quase me diz: "Eu sou assim, Juliana. Não tem jeito". E eu acato com um sorriso tímido de quem subentende o não dito em todos os ditos, a intenção das flores e o porquê da chuva. Mas eu sou como todos os outros, divinamente igual. Sou perecível aos rumos incertos e às investidas econômicas como se isso fosse planejar a vida. Que bobagem. Ter outro alguém divino se permitindo a você vale mais do que tudo.

Ratio essendi.

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Jornalistas assessores sociais


Conflito. Esta é uma marca presente nas inúmeras discussões pretendidas sobre a polivalência do profissional jornalista tendo em vista a nova demanda de serviços de comunicação das comunidades sociais globalizadas. Entendido primeiramente como aquele que trabalha a serviço da sociedade, tomada aí em sua forma mais ampla e abrangente possível, o jornalista brasileiro se vê atualmente sobre um muro de indecisões.

Por um lado, foi, ao longo dos anos, academicamente orientado como aquele agente social capaz de interagir através da construção da informação como um bem público. Valores idealistas de imparcialidade e neutralidade compõem a essência do jornalismo como profissão. Por outro, observa hoje a crescente onda de oportunidades comunicacionais que exigem um trabalho informativo, a priori, unilateralizado: as assessorias de comunicação. O muro descreve, assim, a incompatibidade ética do exercício simultâneo de ambas as profissões.

É a partir destas explanações que verificamos a clara dualidade encarada por quem trabalha com comunicação informativa no Brasil, país onde a legislação competente é repleta de brechas que não delimitam satisfatoriamente a linha tênue definidora de ambas as catergorias profissionais. O jornalista brasileiro sofre conflitos subjetivos quanto à amplitude de sua esfera de atuação como profissional arraigado a compromissos sociais, universo caracterizador pleno de sua função laboral.

No Brasil, o Código de Ética do Jornalista, em seu Artigo 13º, afirma que “O jornalista deve evitar a divulgação dos fatos: a) Com interesse de favorecimento pessoal ou vantagens econômicas; b) De caráter mórbido e contrários ao seus valores humanos”. O mesmo instrumento de apoio profissional diz, em seu Artigo 10º, que o jornalista não pode: “ e) Exercer cobertura jornalística pelo órgão em que trabalha, em instituições públicas ou privadas, onde seja funcionário, assessor ou empregado”. Pode-se verificar nos trechos a primazia por uma responsabilidade de caráter ético, justificada pela incompatibildade declarada do exercício mútuo das duas profissões aqui discutidas. A essência jornalística não é perdida, mereceu certo cuidado no Código citado, o qual, ainda que de forma tímida, atribuiu ao jornalista profissional o desempenho de assessorar uma instituição.

O jornalista de redação, aquele que investiga a sociedade, trabalha sempre na perpectiva da busca pela neutralidade em tudo o que noticia. Os fatos são relatados de maneira através da qual suas percepções subjetivas sejam amenizadas da melhor forma possível. Sabe-se, também, que a capacidade de ser imparcial é impossível, pois o jornalista é um cidadão e obedece a determinadas visões de mundo de acordo com seu universo particular. De modo semelhante, não esqueçamos a característica econômica do meio em que atua. São empresas jornalísticas, visam ao lucro assim como órgãos da esfera privada que empregam milhares de assessores de comunicação.

Um importante fator a ser mencionado neste momento é a capacidade funcional e social dos serviços elaborados estrategicamente pelos gestores da comunicação em órgãos empresarias, de estrutura explicitamente parcial. Os que atuam neste campo não deixam de ser profundos analistas do meio que os cerca, além de peças-chave na definição e construção da imagém pública da instituição que os abriga. Trouxeram contribuição. O aprofundamento do tema com o qual trabalham, a relevância social do setor em que atuam e a inserção de idéias extensivas para os jornalistas de redação são exemplos do quanto este ramo atua na imprensa diária.

Ainda que imparcialmente, a comunicação não deixa de ser realizada com qualidade e amplitude que abrangem e enriquecem os espaços dedicados à publicação de informações. Toca-se na essência da neutralidade jornalística, mas pensa-se numa qualidade produtiva que resulta em um ganho social. O muro de indecisões pode encontrar aí uma saída viável para os conflitos subjetivos incessantes. Como citado no Código de Ética, não é preciso abandonar a profissão de jornalista profissional para exercer a função de assessor. O que não se deve fazer é responder simultaneamente pelos dois cargos conflitantes.

De acordo com Chaparro, a notícia é hoje um dos bens mais valiosos do mercado mundial. O autor afirma que cerca de 95% do que a imprensa noticia todos os dias são conteúdos previamente programados por instituições interessadas ou revelações e discursos trabalhados por fontes organizadas. Daí a crescente relevância do papel difusor de quem lida com a comunicação, seja corporativa ou não. Jorge Duarte (2003) acredita que “submetido a exigências conflitantes, o jornalista assessor de imprensa foi capaz, no Brasil, de criar padrões de comportamento aceitáveis para um lado e para outro. A busca por credibilidade profissional e consciência tranqüila parece ter falado mais alto”.

Neste contexto moderno, o relevante é perceber o jornalismo como campo de atuação profissional onde todos os que o compõem podem ser constantemente beneficiados. O material que chega às redações pode oferecer mais subsídios aos repórteres e editores, as empresas assessoradas alcançam espaços na agenda pública após processo estrategicamente trabalhado, as pessoas usufruem de conteúdo consistente, interagem e assimilam informações fornecidas pelas diferentes partes deste conjunto de peças integrantes do processo de informação pública.

Desta forma, a sociedade passa a ser assessorada pelos profissionais da mídia. Direta ou indiretamente, os comunicadores prestam serviço a um público de escala mundial que diariamente demanda consumo informativo. Em assessorias ou nas redações, os jornalistas são os responsáveis pela circulação de dados e fatos, agendando, pautando e orientando cidadãos, famílias, empresários, estudantes, teóricos, gestores do Terceiro Setor, políticos, desempregados etc.

Se a comunicação for observada por esta perspectiva, o desconforto íntimo ocasionado pelo conflito ético poderia, assim, ser amenizado. O jornalista admitindo-se agente efetivamente social independente de onde atue seria já um bom caminho para o progresso legal dessas questões. A realiadade de uma definição exata para ambos os campos de atuação poderia fazer desse muro, quem sabe, coisa do passado.

Referências bibliográficas

CHAPARRO, Manuel Carlos. Bristol-Myers Squibb Brasil S.A. Fontes abertas: indicadores Bristol-Myers Squibb de relacionamento com a imprensa. São Paulo, s.d.

DUARTE, Jorge. Assessoria de Imprensa no Brasil. In: Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia: teoria e técnica. Jorge Duarte (Org.). 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.

FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS. Código de Ética do Jornalista. Disponível em: http://www.fenaj.org.br/Leis/Codigo_de_Etica.htm

TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo. A tribo jornalística: uma comunidade interpretativa transnacional.Florianópolis: Insular, 2005.