segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Discurso de amigo secreto


Confraternização da equipe de trabalho no final de semana. Clube na praia, gargalhadas regadas a coquetéis no bar molhado da piscina. Em seguida: hora do amigo secreto. A brincadeira, que aconchega e aproxima os envolvidos, foi, para mim, especial.

Por ser a integrante mais recente do antigo e recheado grupo, tive de iniciar. As retas que interligavam os componentes daquela circunferência davam continuidade ao processo de integração e afeição coletiva. Risadas e muitas palmas a cada nova adivnhação. Quem disse que isso é chato? Só tinha autenticidade ali!

Bem, com esse ponto de partida, já estava marcada a linha de chegada da dinâmica: eu. E quem me tira? A chefe, uma administradora e líder como nunca tive a oportunidade de conhecer tão de perto. Contando com a fraca memória e sabendo da importância desse momento para a minha vida, me vi na obrigação de fazer esse registro. Sei que já esqueci tanto do que foi dito, mas segue boa parte do que ainda resta:

"Essa pessoa é alguém que admiro e respeito... tem uma forte semelhança com os momentos vividos pelo nosso setor. Trabalha na dela, faz acontecer do seu jeito. Passou por experiências fortes, barras difícieis e saiu-se muito bem. Nessa evolução, traz algo que estávamos precisando e nos faz muito bem: alegria. Meu amigo secreto é uma pessoa que está desabrochando e, além de tudo, é uma gata de cinema. Isso é pra você, Ju".

Ganhei de presente um brinde à vida.
A garrafa foi só um detalhe.

Foto: Gabriel Pevide

sábado, 29 de novembro de 2008

Vicky Cristina Barcelona


E quando o equilíbrio não existe?

O filme retrata particularmente três grandes pontos da "alma humana", digamos assim. Cada personagem é um extremo desse ser. Complexo, incompleto. Sempre.

A luz da filosofia tenta nos explicar no mundo como seres em constante conflito. Nossos - também três - grandes empasses são: querer, poder e dever. "Quero, mas não posso. Posso, mas não devo. Devo, mas não quero", e todas as combinações possíveis. Digamos que as moçoilas do filme sejam cada um.

O querer é institivo, passional, atirado e razo. Perecível em sua condição de apenas ser. O poder é recionalizado, rico, dinâmico, objetivo, calculador. Não foge à regra ditada. E o dever... Bem... O dever é a confluência desse querer permitido ou não. É a loucura personificada em Penélope Cruz. E um triângulo amoroso remonta a um equilíbrio. Seria a solução?

Não só por essas questões, a obra vale a pena ser vista também pelo conteúdo cômico, bem Woody Allen. Filme leve para um fim de domingo.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Imagine


Imagine como seria o "não" se um dia ele se concretizasse. Feche os olhos por um minuto. E imagine. É esse o verbo que impera quando não podemos ver. A imaginação ganha suas asas mais potentes.

Em Ensaio sobre a cegueira, enxergamos isso e muito mais. Um filme que retrata a cegueira resultante de tanto exagero por parte da "lucidez". Em poucas palavras: é tanta coisa ao nosso redor que mal vemos o essencial, o que nos bastaria como seres vivos. Para percebermos isso, Saramago propõe um teste no qual a visão é desprezada e os homens são postos à prova em sua capacidade de sobrevivência e organização social baseados em todos os outros instintos e sentidos. Vale tudo, menos ver.

A realidade de cada um é, então, construída pela imaginação. E, por um instante, há organização em meio à desordem aparente. Sim, pois, ainda que guiados por seu próprio universo imaginário, cada um conflui com o coletivo no interesse pela permanência no mundo. Sem ser visto, o outro é percebido. E um diálogo ou um desejo flui a partir da sensação de uma nova presença física. O real se mostra com outro teor. Agora traz peso, emoção, calor, energia... ultrapassa a relativa aparência para se justificar.

É assim que o escuro dá vez ao claro. E que talvez o "não" deixe de ser. A vida acontece diferente, mais rica. Nova, sem cores e formas pré-definidas. Bonito e feio perdem sentido. Ela só pulsa em cada um e vibra no ambiente. Animais? Não, gente mesmo... Coisa de raça.

Reconheçamos: o "não" é um grande convite para o "sim". Imagine.

domingo, 7 de setembro de 2008

Hellboy II - O Exército Dourado


Hum... Um filho do anjo caído que luta a favor dos homens... Impulsivo, vingativo e distraído... Numa trama onde a humanidade é mais que detonada... Estaria ele lutando pelos que o merecem?

Hellboy é uma figura descolada, o simpático que dita o tom do filme em sua segunda versão.

Os coadjuvantes seguem a fórmula básica: um brincalhão e o par romântico para completar o trio. Mas o interessante é perceber como a raça humana é criticada nesse enredo. De repente, chega-se a questionar pelo que vale a pena lutar e como o mundo ficará mais probre se só restarem nós, humanos.

Para quem conseguiu fazer essa leitura, vale a reflexão.
Efeitos de primeira e golpes razoáveis.

Uma ótima semana!! =)

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Zohan faz você rir


Dá pra imaginar como um cara consegue deixar sexy e engraçada a cena de um corte de cabelo feminino num salão de beleza??!

Bem, Adam Sandler responde por tal feito muito bem em sua mais nova comédia Zohan - O Agente bom de corte . A oportunidade de se manter num mesmo gênero e conseguir inovar sempre, ainda mais nesse contexto de milhões de novas informações diárias, prova quando um profissional é bom naquilo que faz. Sandler se atreveu e provocou gargalhadas no público mais uma vez.

O filme carrega sotaques incomuns aos nossos ouvidos, mas segue atingindo o seu objetivo. Senhoras lotam o estabelecimento em busca de prazer aliado a um novo look. Os super poderes do cara também ajudam para o efeito cômico. É um filme bom de se ver. Ah! Vale lembrar que o protagonista está em ótimas condições físicas!! =)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Let's put a smile on that face


Eu represento o caos, a anarquia, o excesso de regras torna o mundo chato. Estou aqui para bagunçar o correto

Heath Ledger roubou não apenas cenas, mas o filme inteiro. Não teve homem-morcego que chegasse a disputar o lugar de protagonista. O anti-herói ganhou destaque não apenas pela competência com a qual foi interpretado, mas também pelo sentimento coletivo. Sem questionar, podemos aceitar fácil a idéia de que seu sucesso foi ampliado com o falecimento de Ledger em janeiro desse ano.

O Coringa foi seu último papel na telona. Amigos chegaram a afirmar que ele tomava remédios por conta do desgaste que a dedicação ao personagem lhe causou. Realmante, o famoso Coringa teve vida especial nesta interpretação. Impecável. O cavaleiro das trevas arrecadou US$ 18,5 milhões nas sessões de pré-estréia à meia-noite. Até então, tal recorde pertencia a Star wars: Episódio III - a vingança dos Sith (2005) e seus míseros US$ 6,9 milhões. Ou seja, a projeção é de que, só nos EUA e Canadá, o novo Batman arrecade, no mínimo, US$ 100 milhões - em uma semana, viu?!

Essas não são expectativas irreais, são estimativas concretas diante todo o acontecimento dessa obra e a ânsia pública de sua exibição. Infelizmente, a causa de tanto furor foi a morte de Heath Ledger. Mas essa passagem, pelo menos no Ocidente, dignifica e torna eterno tudo o que é mundano. Aguarda-se uma indicação póstuma ao Oscar. Se ela vier, nessa hora, vamos homenagear mais uma vez and put a true smile on our faces...

Parabéns, Heath Ledger.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Hulk esmaga mais e melhor


Edward Norton como o grande monstro verde? Ele não se enquadraria... um pouco fora do perfil? Bem, desde que soube que seria ele, achei estranho, mas o que a tecnologia cinematográfica americana não é capaz de fazer? E essa, é claro, é um dos maiores atrativos para conferirmos a emoção verde explodir na telona.

Genteeeeeeeee! O Hulk dessa vez esmaga mais e melhor! Até porque chega a lutar com um inimigo à altura, digamos assim. O gigante esmeralda está perfeito! As cenas fazem por merecer o tempo de produção e dedicação profissinal dessa turma que faz arte gráfica. E as primeiras cenas na Favela da Rocinha? Trinta minutos de Brazil, hein?! Só há uma grande controvérsia: os homens fortemente armados dos EUA invadem o morro carioca sem nenhuma espécie de "contra-ataque". Você consegue imaginar isso? Nem um tirozinho de fuzil pra revidar?

As lojas Ortobom se deram bem com um merchan gratuitíssimo. Uma placa da loja aparece nitidamente na última vista aérea da favela. Outra participação nacional é a nossa lenda do Jiu-jitsu, Rickson Grace. No filme, ele ensina Bruce Banner (o querido Norton) um pouco de autocontrole e disciplina para que contenha sua raiva evite sua transformação no gigante green.

Pra terminar, uma ótima surpresa. Praticamente, a confirmação de um crossover entre O Incrível Hulk e O Homem de Ferro. É que Tony Stark aparece no final para um diálogo com o general Thaddeus “Thunderbolt” Ross. Uau! Mal posso esperar por essa aventura em dose dupla!
Curiosidade 1: As cenas aéreas são da Rocinha, mas as imagens da correria na favela são na Tavares Bastos, porque a Rocinha não autorizou a filmagem lá!
Curiosidade 2: Stan Lee, autor dos quadrinhos, faz uma ponta bebendo um guaraná. Ele é o velhinho que deixa a garrafa cair.
Curiosidade 3: O ator que fez o Hulk na série, Lou Ferrigno, interpreta no filme um guarda de segurança para quem Norton dá uma pizza.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Um desobediente exemplar


"Em vez de amor, dinheiro, fé, fama e equidade, me dê a verdade".
Henry David Thoreau

Esse cara é o autor da teoria da Desobediência Civil, o discurso que envolveu Gandhi na luta pela independência da Índia e do Paquistão. Parece ter sido também o cara dono das palavras que encheram o peito de Chris McCandless de coragem e vontade pela verdade da vida e o fizeram seguir até o Alasca, sozinho, para, somente assim, encontrar o "certo".

Chris descobriria que até a verdade é conceito relativo que faz parte da criação humana e sentiria, numa descoberta instintinva (como preferia acreditar), que dois é melhor que um. Baseado numa história real, Na Natureza Selvagem conta a aventura de um jovem de 22 anos que busca a máxima solidão para conhecer seus próprios sentimentos, exercer os seus instintos e, assim, interpretar a vida que lhe chega em tudo e em todos.

Inteligência, ousadia e extremismo. Conceitos por vezes qualidades, por outras defeitos. Juntos, podem construir o belo inimaginável, ao mesmo tempo que levam facilmente à finitude das coisas. No filme, aprendemos que o radicalismo às vezes só consegue ser bonito e que o equilíbrio pode ser útil tratando-se de um ser nascido para o convívio social. Que se conhecer pode ser a maior segurança para o desenrolar dos dias; e mais, que a família é realmente a base que sustenta a formação da identidade. O aprimoramento fica por nossa conta.

Mais parcial do que nunca, não posso deixar de rasgar a seda pro Sean Penn. Além de ser um dos meus atores preferidos, creio que esse filme foi o melhor de sua carreira por trás das camêras. Escolheu um ótimo fotógrafo que soube balancear o peso do protagonista e de seus ambientes. E a trilha com o vocalista do Pearl Jam? Perfeita!

Thoreau parece ter conseguido prever, em plena América do final do século XIX, que a briga interna entre os instintos humanos e as regras socias pode ser bem maior e ter desfechos bem distintos do conformismo geral. Ele sacou que a nossa natureza é mais que humana, é selvagem.

domingo, 25 de maio de 2008

Por Mário Quintana


Amor é síntese


Por favor, não me analise
Não fique procurando cada ponto fraco meu.
Se ninguém resiste a uma análise profunda,
Quanto mais eu...
Ciumento, exigente, inseguro, carente
Todo cheio de marcas que a vida deixou
Vejo em cada grito de exigência
Um pedido de carência, um pedido de amor.


Amor é síntese
É uma integração de dados
Não há que tirar nem pôr
Não me corte em fatias
Ninguém consegue abraçar um pedaço
Me envolva todo em seus braços
E eu serei o perfeito amor.

domingo, 6 de abril de 2008

Blood Diamond

Estou na temporada de filme fraco no cinema. Jumper, faça o favor de pular esse você mesmo. Os efeitos não são legais (criei expectativas pela proposta do trailer), o roteiro é mais bobo que desenho animado e os atores, sem comentários. Quanto Samuel L. Jackson deve ter recebido para interpretar aquele papelão nessa altura da carreira? A esperança vem com a história dos Rolling Stones contada pelo olhar de Scorsese que pretendo ver esta semana.

Bem, no DVD de casa, a temoporada é outra. Ufa! E um filme não tão novo, mas que só conheci ontem, Diamante de Sangue (Blood Diamond, EUA, 2006), me surpreendeu em todos os sentidos! Ação e política juntos, Leonardo Di Caprio provando que não tem apenas um rostinho bonito, locações diversas e muito bem montadas, aviões, explosões e um romance discreto sem muito nhem nhem nhem. Perfeito! =)

O melhor de tudo é que o filme trata de uma questão verídica e joga aos olhos do público o sangue derramado em Serra Leoa às custas do qual muitos milionários engordam suas contas e mantêm o equilíbrio financeiro dos países com consumidores em potencial das pedras raras. A obra ainda expõe, de forma intensa, a dor do pescador Solomon Vandy (Djimon Hounsou) apreendido e separado da família. Por cima de todo o choro e dos tiros, discute-se politicamente a intervenção militar e civil nas terras vermelhas cor de sangue a fim de alcançar o suposto fim do contrabando dos diamantes e da escravização dos africanos apreendidos. Unicef bem representada na parada.

A presença da jornalista Maddy (Jennifer Connelly) deu todo um quê ideológico às ações e emoções da narração. Meio idealista, suas tiradas sempre questionavam a ação auto-destruidora humana. A narração dos fatos e o que vivenciou na trama foram a realiadade que ela precisou para contar uma história de verdade. E o desfecho foi muito bem finalizado. Para quem gosta de filme rico em detalhes como todos estes, passe na locadora já! Blood Diamond leva cinco estrelas.

sábado, 29 de março de 2008

Circo da China - Natureza

Pode até ser infantil, mas o que tinha de marmanjos em Fortaleza para ver de perto o show montado no outro lado mundo não dava pra contar! O Circo da China fez sucesso por aqui com o espetáculo Natureza. Muita luz e alegria nos movimentos. Os bailarinos são uns dos mais leves do planeta, pois treinam desde os cinco anos de idade para atuarem nos palcos de vários continentes.

Esses meninos e meninas, que têm, no máximo, vinte anos, são exemplos reais de força, disciplina e dedicação; ideais vitais para o ser humano do século XXI. Durante a apresentação, me senti feliz por contribuir para a disseminação em nível mundial dessa arte e de valores que nem sempre são reconhecidos; fora que ainda curti uma exibição de primeira.

Eu me diverti como as crianças, que ficavam aflitas a cada salto ou manobra de maior risco e me diverti como "adulta", com o estalo que me alertou sobre a importância daquele trabalho que eles levam, literalmente, para o mundo ver e sentir. É uma meta e tanto. Nada melhor para encerrar do que a afirmação de que eles a alcançam - e de uma forma maravilhosa!

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Onde os fracos não têm vez

Violência, muita tensão e pouco susto. Esse é um breve resumo de Onde os fracos não têm vez. Com oito indicações ao Oscar (entre elas, a de Melhor Filme), a trama parece não ter animando muito o público brasileiro. O ritmo lento e o ambiente árido trazem um vagar pesado para o transcurso da narrativa. A última meia hora é um bolo de desfechos indesejados (será que por isso não saímos felizes da sala de cinema?) que nos deixa com gigantes interrogações e suspeitas, inclusive com a da nossa própria capacidade de interpretação!

Não fosse o brilhante espanhol Javier Bardem (consagrado na telona após o mais que dramático Mar Adentro) e a interpretação que fez de um psicopata que mata como quem rói uma unha, o filme teria sido mesmo um marasmo por completo. Tommy Lee Jones e Woody Harrelson ainda provocam a curiosidade do cinéfilo pela expectativa de suas atuações, mas logo descobrimos que a frustração chega primeiro. Eles pouco aparecem e não têm muitas alternativas de dar o show particular.

Atenção merecida cabe a Josh Brolin. Através de uma entrevista, soube que implorou para ficar com o papel quando não tinha sido nem cotado pelos irmãos Coen. Com a lábia pertinente de um empresário, Brolin fez o teste e conseguiu a chance de interpretar Llewelyn Moss. Ele afirma que foi um dos trabalhos mais difíceis que já fez, pois o personagem é um homem calado e transmitia seu mundo muito mais através do comportamento do que por palavras.

Onde os fracos não têm vez é um filme para quem não se estressa e adora contemplar a fotografia no cinema. Excelentes perspectivas.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

"My man"


Uau!!! Adoro sair do cinema com a cabeça cheia de idéias para escrever aqui! O Gangster me proporcionou isso demais. Um negro que liderou a máfia americana durante a década de 70 teve sua história narrada na telona por uma perspectiva histórica repleta de emoção. Frank Lucas (Denzel Washignton) é, para mim, indubitavelmente um homem de respeito. Bem como considero os grandes chefes desse negócio.

A trama toda tem como linha de intenção exibir ao público o que Frank e um policial muito honesto (Russell Crowe), os quais foram "fuga" e "perseguição" mútua respectivamente durante maior parte da película, conseguiram após o esperado encontro. Três quartos dos policiais de Nova Iorque, responsáveis pelo combate às drogas no início dos anos 70, foram condenados por envolvimento com o narcotráfico*.

O mafioso, que traficava heroína pura direto de Bangcoc em aviões militares americanos (e vendia muito mais barato, o que o fez conquistar a clientela em peso e ser procurado por mestres italianos do ramo), foi preso e, como meio de reduzir sua pena, contribuiu com a polícia norte-americana quando indicou os policias corruptos que também lucravam com o comércio. Sem dúvida, estes eram os mais sujos na minha opinião, pois extorquiam por migalha e davam carteirada. Coisa baixa e pobre.

E mais: não tinham os valores que os homens poderosos e inteligentes têm: educação e respeito. Por terem isso, os mi e bilionários da máfia mundial não deixam de ser grandes e influentes. Na obra, há frases e cenas que contemplam bem essas características. O Gangster é um filme muito bom mesmo. Sem ser dramático, expõe uma realidade histórica e a vida de um homem íntegro que, como muitos outros, lucrou às custas da podridão humana. Frank Lucas era um homem de caráter**. "My man".

*Ex-agentes federais americanos processaram os produtores do filme por difamação. De acordo com o processo, que corre num tribunal de Manhattan, os ex-policiais querem uma indenização de US$ 55 milhões, o confisco imediato do filme e participação nos lucros da bilheteria. Até o dia 18 de janeiro, quando os policiais entraram com a ação, o filme havia arrecadado mais de US$ 130 milhões.

** O verdadeiro Frank Lucas acompanhou de perto as filmagens. Ele e Denzel interagiram bastante durante as gravações!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

"A vaidade é definitivamente o meu pecado favorito"


Como quase sempre, necessito assistir a um bom filme repetidas vezes para chegar num nível mais adequado de análise. Advogado do Diabo foi um deles. Hoje, vendo a película pela terceira vez, percebi conexões incríveis e não posso mais negar a gigante admiração por Taylor Hackford, que é, sem dúvidas, um grande diretor.

O filme já tem mais de dez anos, mas minha intimidade com o Direito só tem algumas semanas. E, poxa! Como isso já foi o bastante para associar esse tema à rotina social humana! Além de religião e lei. Precisa-se de uma mente muito fera para linkar tão bem esses aspectos. O filme fala de ego, pecado, poder, julgamento, família, Igreja, lei, instinto, culpa, punição, Deus e o diabo. Poderia me remeter a inúmeras cenas (inclusive a que sempre me fascinou, quando Al Pacino descreve a "função" do pescoço para a alma e a intelectualidade femininas. Demais!), mas basta uma das últimas para significar a obra toda.

O grande discurso do diabo, ao se revelar no filme, é realmente pertinente para a vida humana e muito mais convincente para a realidade do que o que se prega na chamada "casa de Deus". Ele, que acompanhou o nascimento de tudo desde o início dos tempos, diz que o Século XX foi seu, e não foi mesmo? Duas grandes guerras que abalaram o mundo, os efeitos de uma bomba atômica e um cara chamado Hitler podem servir de exemplo. Deus interveio? E quando ri da ironia divina? Ganhamos vontades do corpo, mas, com elas, a proibição de usufruí-las. Ah! E um fardo imenso chamado culpa caso tivermos coragem de experimentar. Falamos de verdade interior e sentimento, mas nada como aquele afago no ego. Um intérprete de peso afirmar que o amor foi superestimado é algo artístico mesmo. O cinema não é uma indústria que fatura à toa.

E quando é indagado sobre as leis? Por que o diabo tem um empreendimento que mexe com a justiça? Ora, essa é a máquina legítima do poder através da qual se manipulam os passantes sonhadores, os quais acreditam fielmente no poder adquirido e se alimentam da vaidade que os revela como homens (aqui, nunca associados à figura celeste, que é só pureza e bondade). Mais uma vez, Dostoievski vem à mente e vou me referir aos crimes e castigos. As punições humanas e divinas não foram suficientes para vencer esse forte instinto de querer mais, de ser mais, de sentir. Essência. Por que não assumir logo? (Nietzsche, agora é só você!).

No mundo do Direito, aprendo sobre poderes, princípios, atos, discricionariedade e legalidade. Hoje, especificamente, aprendi que o ato do juiz não é discricionário, pois ele é "tomado pelo convencimento". Vejam só que bela saída para nos distanciarmos da possível falha da pessoa ao julgar (neutralidade inalcançável neste plano) e como se desvia o grande fator de decisão para o advogado e sua capacidade discursiva (quase aquele kairós dos gregos, lembra?). Tudo fruto do homem: o ato comunicativo, a definição do que é errado, as punições, a idéia do livre arbítrio, a figura do juiz etc. Quem, de verdade, tem competência plena para julgar? O personagem de Al Pacino, sem perder a vaidade, talvez possa responder com mais propriedade essa questão.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

O primeiro post de 2008

Não é por ser o primeiro do ano ou por ser o relativo a um acontecimento recente. Este post nasce da minha necessidade de explicitar a maravilhosa sensação de amizade que sinto por alguém tão especial. Alguém do tipo que diz: "Eu não vou desistir de vc!".

Hoje acordei com emoções à flor da pele e vim correndo escrever, extravasar esse impulso, essas descargas violentas de energia que me dominam quase sempre. Que "racionalidade" mais cruel, não?! E ainda leva um tom de óbvia... Especialmente, nesta manhã, você é o tema desse turbilhão energético que vibra no meu interior, exatamente como definimos a vida, em conversas tão filosoficamente agradáveis.

Minha grande amiga Mônica, uma vitória tão boa só aparece para alguém que é tão do bem. Se faltando uma semana para o tal dia chegar, a sua ficha não caiu, imagina a nossa. Parece que a aproximação real da distância causa isso. O medo também bateu na minha porta, só que, junto com ele, vieram outros sentimentos mais legais, sabe? O conforto de saber que eu tenho uma amiga de verdade, seja em qualquer cidade ou país, a alegria imensa por essa passagem tão especial, a percepção dos momentos bons com os quais aprendemos tanto, tanto - e de uma maneira bem específica e intensa até.

Não vou me despedir. Isso é um registro público e, pretendo, infinito de um momento marcante. É como se fosse um reconhecimento oficial dessa história. É choro e riso dentro de mim, uma confusão emocional da qual tenho orgulho de sentir. Sob lágrimas, afirmo que este é o motivo do meu primeiro post de 2008.