segunda-feira, 17 de julho de 2006

Vibratione


Ele é isso mesmo. Não há outro melhor termo para a definição de Marcelo Falcão. O cara detona quem tiver por perto, ainda mais se sua voz estiver vibrando através de gigantescos paredões de som. No dia 15 de julho, O Rappa fez show na capital cearense e contagiou até quem não conhecia a salada deliciosa de reggae, rock, samba e eletrônico. A casa de show com ar condiconado abafou a fumaça expelida. Enclausurados no ambiente, ficamos todos embriagados com o cheiro e o som suado.

Chorando a voz dos massacrados pelo sistema, Falcão fez quem estava ali sentir um pouco da dor dos que não têm vez. No contrabando de idéias que a banda assume praticar, fizeram o rapa, por algumas horas, na sujeira que contamina a massa social. Escancarando as mazelas políticas, a música vibrante denuncia as falsas autoridades do país. Em analogia perfeita, O Rappa as simboliza nos fardados que invadem a rua 25 de março da maior cidade da América Latina. Quem é o maior traficante dessa história?

Os cariocas ainda incrementam o palco com o grande relógio da Estação da Luz, em São Paulo, um dos edifícios-símbolos de um dos maiores centros comerciais do planeta. Os ponteiros não deixam esquecido o tempo que regra os habitantes metropolitanos e, ao fundo, o metrô com iluminação que dá idéia de movimento, a "minhoca de metal" do Brasil da Central. A cidade que não pára.

A banda justificou para os presentes o porquê do sucesso alavancado progressivamente ao longo dos anos. Numa interação sincera entre músicos e público, os rapeiros nos estimulam à empreitada do não-óbvio, à inserção no contraditório social. Eles nos fazem querer ser do morro. Quando eles cantam, eu tenho orgulho das mulheres que sobem e descem à procura de água, à procura de paz. A paz que elas querem. Paz que é muito para quem não tem nada.

Um comentário:

Anônimo disse...
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