sexta-feira, 25 de agosto de 2006

Polética

Muniz Sodré, em debate sobre a possível elaboração de um único sindicato que abrangesse jornalistas e assessores de imprensa, se posiciona, antes de mais nada, a favor da ética. Concordei com tudinho que saiu da boca dele. Ninguém sabe se definir nesse bolo e as cabeças arcaicas que não querem compreender a comunicação corporativa dificultam ainda mais a divisão das fatias. Natureza política. A visão romântica do "jornalista de jornal" não acompanha mais o ritmo urbano. Que decepção eles não assumirem a realidade! Parece que ela só vem quando não existe outro rumo e é a única alternativa contra o desemprego.

Por que não aceitar a comunicação como um ótimo serviço (rico, estratégico, ideológico) que pode ser oferecido às empresas? Por que não tratá-la de forma tão digna quanto a do repórter ou do editor? A essência da neutralidade do jornalismo de redação, eminentemente social, pode até ser afetada nessa hora, o que não quer dizer que o assessor não detenha certos princípios em relação ao trabalho desenvolvido no âmbito particular, seja na esfera privada, pública ou no Terceiro Setor. Ele também segue uma conduta tanto quanto o contabilista ou o advgado.

Não esqueçamos ainda a utópica crença de que cobertura de jornal é prova da realidade. O fato está muito longe de ter sido o que você leu no jornal ou viu na TV. Os comunicadores não se atinam para sua percepção em cada termo escolhido na matéria transmitida. Século XXI e tem gente saindo da faculdade achando que alcança a imparcialidade. Ai ai... E a briga para o ângulo
da matéria mais favorável ao lado A ou ao B da história? "Jornalistas de jornal", atenção! Vocês trabalham em uma empresa e a censura não é apenas ética, mas principalmente econômica. Não se façam de desentendidos com os anunciantes que os sustentam. Peçam de vez quando licença ao egocentrismo que está a sua frente e tentem enxergar os atos da sociedade como eles são.

A comunicação é um bem social? Eu afirmaria que sim. Mas a forma como ela vem sido feita é preocupante. Aqui em Fortaleza é baixaria total na TV local no começo da tarde. Vergonhoso. Os impressos ainda tentam elevar a qualidade, às vezes conseguem, o que impede é a cultura política predominante. Por isso, volto ao Sodré e concordo quando ele fala na existência da ética somente quando ela vem atrelada à política. Privilégio de informações, relações por interesse, troca de favores, compra de serviços, má qualidade do que se transmite, patronato X salários medíocres (quando existem...). É coisa de hábito, sabe?

É por isso que sou Sodré, digo sim à POLÉTICA!!

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