domingo, 25 de março de 2007

Clique no 12 e volte aos 80

Temos um código de volta ao tempo, sim!

Todas as tardes de domingo, temos acesso ao botão que nos leva aos anos 80. Saudade boa pra quem curtiu aqueles tempos. Brincadeiras infantis pra quem vê tudo isso de primeira. O Silvio Santos está na minha lista de personalidades. Sim, eu queria conhecê-lo, apertar sua mão em rede nacional e ganhar notas e notas de R$50,00! Não dá pra morrer sem fazer isso antes: "Estamos aqui com a Juliana, de Fortaleza. Uma cearense hoje no palco! Muito bem, muito bem. Tsc tsc. É solteira, Juliana? Já tem casa própria? Má há háê hi hii...". Seria inesquecível, assim como imagino.
Completei 23 e já sou fanzoca do cara desde que me entendo por gente. Hoje, o Silvio Santos é alvo de muitas pesquisas acadêmicas de quem estuda comunicação social nas universidades do Brasil. É tido por muitos experts no assunto e, sem motivo para criarmos dúvidas, o maior comunicador da televisão brasileira. Faz tudo do jeito que quer. Tira programa, muda de horário. O telespectador vive num canal de surpresas. Bilionário, induz os funcionários a pensarem no ditado "Manda quem pode, obedece quem tem juízo" sempre antes de realizar a alteração de programação da vez.
Em 89, candidatou-se às pressas à presidência do país. Como se já não fosse majestade por aqui. Quem tem o nosso povo, tem muitíssimo. Já caiu na piscina ao vivo, passou noites e noites jogando aviõezinhos de cédulas para o auditório. As caravanas se matavam pelas notas brilhantes no ar. Tinha as pegadinhas, o "Porta da Esperança", o "Show de Calouros"... E o "Topa Tudo por Dinheiro"? Nossaaaa, que nostalgiaaa!
2007: está com três programas no domingo. Conduzindo diretamente, alcança sem dificuldades a audiência passada. A qualquer sinal de ameaça, ele entra no ar e derruba qualquer publicitário demitidor. O Silvio Santos é imbatível. Isso é glorioso! As 16h da tarde, ele aposta dinheiro com as moças do auditório e pede para elas vibrarem levantando o "espanador"! É hilário ver todo mundo com o pompom na mão vaiando o chefe e o Lombardi carinhosamente. Deixando de lado a questão econômica e eticamente* interpretativa de sua figura, aplaudamos este homem. Depois dele, ninguém mais.
*Silvio é um mega-empresário, banqueiro e comunicador. As três identificações podem ser facilmente conectadas. Tem gente que pergunta: "Mas será que não poderia mesmo aparecer uma geladeira quando as Portas da Esperança se abriam?". Pode refletir, certamente chegará a um consenso. Não esqueço aqui minhas convicções a seu respeito neste aspecto. A intenção foi homenagear.
**Para conferir o Silvio dando uma de presidenciável, clique aqui:

sábado, 17 de março de 2007

O texto sobre o cordão umbilical

Vendo uma campanha da Fundação Abrinq na Tv Cultura, parei nos patrocinadores oficiais que sempre vêm ao final do vídeo e mirei com atenção aquela corda branca, desfiada e em forma de um caminhozinho que ia de uma ponta a outra da tela. Para mim, aquela cordinha branca significava o cordão umbilical. Aí eu me transportei: "Puxa vida! Como ainda não havia escrito nada sobre o cordão umbilical?". Num súbito empolgante, corri para o PC e aqui estou, organizando idéias sobre o cordão de que nunca havia falado.

O cordão umbilical significa, no mínimo, dois. Apesar de ser um, ele serve como elo entre quem já existe e quem está por vir. O cordão alimenta e é ponte de vida e sentimento. É, então, divino. As barrigas das grávidas denunciam as vidas escondidas, gente bem pequenininha que está no mundo sem conhecê-lo. Os cordões? Eles estão lá, preparando os novos seres para o que vem pela frente. E é fantástico imaginar essa "peça" no meio da "fabricação" de mais um de nós. Hoje, a Medicina - graças a Deus, em mais um de seus mega-avanços - já trata o cordão com mais categoria, isso porque ele possui células tronco sangüíneas mais primitivas que as da medula óssea. Agora um monte de mamães já o conservam a favor da saúde dos descendentes. Um ponto para os cordões!

Sociologicamente, também é possível associar os cordões aos laços afetivos, tão pertinentes nesse ambiente que se pretende "socializável". É o que nos liga aos outros, às tarefas diárias, aos sentidos que nos foram oferecidos antes mesmo de chegarmos aqui. Os cordões umbilicais são tão fortes quanto os laços afetivos. São necessários e nos tornam dependentes de sua existência para que sigamos vivendo ou sobrevivendo, como melhor cabe à maioria.
Seria cômico se não coubesse tão bem o ditado. Todo mundo fala que os boçais são pessoas que só enxergam o próprio umbigo. E não é que é verdade? O que é o nosso umbiguinho (o umbigo, com esse nome, também merece um post só pra ele!!)? É o que sobrou do nosso cordão! É o nosso começo no mundo. É a marca de onde exatamente começamos a existir materialmente. E nós, mulheres, temos a grande sorte de poder alimentar mais um por esse mesmo canal. Simplesmente TU-DO! Dá vontade de ficar grávida só pra se sentir nove meses diretamente interdependente e responsável por uma vida a mais na esfera. O boçal só vê o seu umbigo porque, para isso, é preciso se curvar completamente para o que o mundo o mostra; é preciso muito egoísmo e falta de senso para baixar a cabeça, negando tudo o que não é ele, e passar a contemplar um pontinho preto no meio da barriga. Aff...
Enfim, os cordões são muito mais importantes do que imaginamos. São muito mais vitais do que o que é possível de se ver. Os cordões são a troca da energia da vida, são como os laços que nos interligam e nos prendem aqui, que nos fazem dar e receber para continuar. Eu amo o meu cordão umbilical, seja lá onde ele esteja.

sábado, 10 de março de 2007

Há um buraco no meio do caminho

Eu vou falar, vou falar ao mundo sobre as discrepâncias da humanidade. Sim, só vocês dessa raça capaz de me compreender são os mesmos responsáveis por todo esse buraco no meio de tudo. Há um buraco em cada um de nós. Há também um em alguma instituição da sua cidade. Há um buraco no coração da sua mãe e na cabeça do seu pai. Certamente também deve haver um buraco na sua mesa, no chão da sua casa, na areia da praia. Há um buraco enorme sobre a superfície do planeta nos deixando cada vez mais expostos aos danos da maior potência de energia conhecida até hoje. Será que o Sol tem um buraco?

Lembro-me muito bem – não da data, mas do episódio - de quando Júpter sofria uma “explosão”. A parte que ele perdia era maior do que a Terra. Eu estava viajando à noite para uma praia, e chovia muito na estrada. O tempo da viagem era menor do que o processo que ocorria no maior dos planetas, o qual, a partir de então, também ganhara um buraco. Lembro-me que o condutor dirigia com toda a segurança do mundo. Os passageiros aflitos e ele todo convicto de que nada aconteceria. E eu comigo: “Puxa, tá tendo uma explosão no universo agora, algo de que não conseguimos nem imaginar o tamanho, e esse cara acha que pode com tudo”.

Hoje entendo que ele é um ser humano. E não tenho dúvidas de que há um buraco gigantesco no meio dessa pessoa. Para a Ciência, a gente nasceu de um buraco. E se usarmos da tal da lógica, filhos de um buraco, buraquinhos seremos. Freud tentou nos explicar através de nossos buracos, e foi fascinante em seus argumentos, ainda que alguns não admitam com tanto orgulho a fase anal. Enfim, será esta a razão para o caminho humano rumo ao caos? Os nossos buracos?

Os buracos nos explicam e nos fazem ser os responsáveis pela atrocidade planetária. Eles estão em toda parte: em nós e muito além de nós. Ou seja, existem em maior número. Se fôssemos nos confrontar, seria um auto-genocídio. Afinal, eles têm tudo para se desviarem e não serem atingidos por nossas balas e nossas super-bombas. Nos mataríamos em pouco tempo. E agora? Esta é a situação: nós e os buracos. Os nossos, os dos nossos amigos. E vamos viver errando por causa deles. Você pode até tentar um dia adotar um buraco, estudá-lo, pesquisá-lo, criá-lo como um filho. Mas você nunca vai entendê-lo por completo. Porque ele é maior. Já existia antes de nós e está à nossa frente, seja lá qual for o dia de amanhã. Eles estão por todos os lados e sempre estarão. Os buracos dominam o mundo.

sexta-feira, 9 de março de 2007

Muliere

Mulher!

De beleza rara
de pureza clara
de olhar penetrante
de voz cativante
De uma força única
de uma garra imprevisível
de uma simplicidade transparente
de uma complexidade compreensível
É você, mãe, filha, esposa é você mulher.
Mulher que luta, busca, deseja, alcança, sonha, espera, chora, sorri.
Mulher que canta
que dança, grita, silencia.
Mulher que se maquila, se bronzeia que é bela, pura.
Mulher que sente, ressente, ama, cuida.
Mulher que se cansa, descansa, trabalha, batalha.
Mulher que da costela
foi tirada para se tornar
companheira e assim ser respeitada
por sua vida inteira
e amada por sua natureza
Mulher que tudo faz gracioso
mesmo no momento mais doloroso
trazendo o conforto e a força que muitas vezes nos falta
Mulher que em tudo vê a beleza mesmo nos momentos em que a tristeza
nos faz querer fechar os olhos.
Mulher que neste dia, mais que nos outros,
reconhecemos e nos demais sempre amamos
quero lhe dizer que todos os dias são dias da mulher!

By Maninha Renatóviski

sábado, 3 de março de 2007

Aliquod de Flaubert

"Ama a arte porque, de todas as mentiras, é a que menos engana".
Uma homenagem ao criador da Madame mais famosa da literaura. Cinco anos de trabalho, e Gustave Flaubert presenteia o mundo com Bovary em 1857.
Obrigada.

Hodie, três, martiu















Sedere felice.

quinta-feira, 1 de março de 2007

BBB


- O BBB é um programa culto?
- Nãããão!
- Você ganha ou aprende alguma coisa assistindo a mesma coisa todo dia na TV?
- Nãããão!
- Pelo menos um centavo daquele um milhão vai pra você?
- Nãããão!
- Então pra que perder tempo assistindo a tanto besteirol?
- Ah, essa resposta é mais complicada, né? O BBB é um programa que não enaltece absolutamente nada do que você pode ter de positivo e, muito menos, contribui para sua formação intelectual. Só que há um detalhe a ser lembrado: somosbrasileiros, esqueceu?
Como é a nossa vidinha diária?
Acordamos apressados depois de uma noite mal dormida após um dia estressante, pegando 45 min de busão pra chegar no trampo.Ultrapassando esta etapa, eis o dia de trabalho: corre-corre, pressa, pressão. Aí no fim da noite você espera na parada uns 30 min básicos o mesmo busão, só que lotado de gente e com odor não tão agradável. Chega em casa, as costas dóem, a vista pesa. O dia foi puxado. Aí, é lógico, tenta aproveitar o pouco tempo que tem para o lazer diário (1 hora? 2 horas?) e o que temos à vista? A nossa valiosa TV! A nossa maquininha de entretenimento que a essa hora da noite nos traz novela nacional, fofocas, novela dublada, programas policiais, outra novela nacional e um programa que mostra uma mesa redonda com grandes ícones do esporte discutindo o brilhante desempenho das nossas equipes de futebol, maravilhosos em seus argumentos sobre chutes, lances e defesas de gol. Um cardápio que deixa qualquer um confuso para escolher entre tantas opções.
O detalhe é que, todo começo de ano, a Globo, a que traz uma das novelas nacionais, exibe o BBB. Todo mundo prefere espiar a casa e as atitudes, os complôs e as cenas quentes que os confinados fazem o favor de provocar. Ora, mas é isso que o brasileiro quer ver mesmo. Brincadeira, intriga, paquera, fofoquinha. Esse cara que pega ônibus todo dia não deve ser massacrado porque assiste ao BBB. Nem o executivo que diz que passou só 1min na frente da TV porque parou para ver as pernas da Fani. Que bobagem! Pra que ter vergonha de dizer que assiste ao programa? É distração como qualquer uma das outras opções que estão no cardápio. Tem valor igual no que diz respeito ao não incentivo intelectual. É entretenimento puro. Deixa o brasileiro ser feliz e ver na TV o que gosta. Quem é capaz de mudar isso não está nem um pouco afim, assim como também não liga e não faz questão de que comecemos a pensar e ter gostos diferentes, mais interessantes e mais benéficos para nós mesmos. Quem leva uma rotina nada fácil, já sem nenhuma perspectiva pra depois, vive num sentimento de inércia que nem a indignação vale mais a pena. Ele, depois de muito batente, sabe que a vida não vai mudar. Hábitos como a leitura ou ouvir uma rica canção não fazem sentido para esse sujeito. São práticas muito ligadas ao prazer, à curtição e elevação dó que chamamos de vida. E nós não podemos, de maneira alguma, apontar pra alguém por causa disso.
Deixa o cara torcer pelo Alemão e vibrar quando ele levar o prêmio. Quando tocar aquela música e o Bial anunciar, o cara do ônibus vai vibrar em casa e chorar como se a grana fosse dele. Ele não leva nada, vocês sabem quem leva tudo. Deixa o cara sentir felicidade, nem que por tudo que ele vibre seja farsa. A sensação dele não será.