sábado, 17 de fevereiro de 2007

Babel, o filme do mundo mudo

Calor, sangue, desespero, cansaço, mundo mudo, medo e a famosa culpa. Inárritu mais uma vez surpreende os espectadores das salas de cinema dos diversos continentes com a sua vontade de representar a dor humana, proveniente dos percalços que o tal do homem criou. Percalços que impediram a compreensão, algo que poderia ter tornado a vida tão mais fácil Terra. Mas, a realidade é a que o próprio mito explica como a punição do Senhor pela pretensão profana de construir a Torre que alcançasse o céu. Rá (rsrs), veja só, Deus deixando os homens alcançarem seu terreno... É de rir mesmo. Rir e compreender como até os mitos nos reconhecem como genuinamente ambiciosos. E foi por causa disso que Deus dispersou os homens em diferentes partes da Terra, desunificando aquele um só povo com uma só língua; Ele os espalhou, originando (seu verbo mais característico) novos povos e diferentes línguas.

Foi desse povo diferente que Iñárritu falou em Babel. Arriaga traz um roteiro típico de sua personalidade e o casa com as manias do diretor mexicano. É a combinação que considero perfeita, assim como fizeram em Amores Perros (Amores Brutos) e 21 Grams (21 Gramas). Mas Babel vem pra finalizar a trilogia do trágico humano. E vem muito bem porque traz, tão bem como os dois anteriores longas, a realidade crua desses tempos de miséria e indiferença. A vingança, a fúria, as ações da mente humana diante das situações-limite que esses dois teimam em nos apresentar da maneira mais tocante possível. É neguinho saindo da sala de cinema por não suportar. Somos infinitamente diferentes, mas não podemos negar o que temos em comum: nossa única essência. Por isso a dor incomoda quem quer que seja: o loirinho rico da Suiça, a japa underground cheia de tecnologia, o aidético africano e o subdesenvolvido uruguaio. Acreditem, vocês vêm do mesmo buraco.

No filme, três histórias se cruzam novamente. Procurando se apegar ao mito, as línguas e os povos do Japão, México, EUA e Marrocos aparecem se desencontrando em seus costumes e se diferenciando em suas crenças; mas eles sempre, sempre se confudem nos preconceitos, se misturam nos seus medos, se mesclam quando o que vale é salvar uma vida ou até mesmo começar uma. Os homens foram dispersados no mundo, mas nunca deixaram de ser homens. E vão morrer pagando por isso. A cena em que prendem a imigrante mexicana e a que mostra a recusa de dinheiro em troca do favor pelo marroquino são pontos fortes que nos denunciam como produtos do mundano e do sagrado. A surdez que mais representa os olhos fechados dos outros para com uma deficiência. Babel dá um nó na garganta quando nos põe frente a frente com o que somos. Não tanto quanto 21 Gramas, mas apela para o nosso carma chamado sofrimento, ponto de partida para a negação e ao mesmo tempo para a solidariedade. Sofrimento responsável pela dor e pela alegria, pela vontade de mergulhar no real e de emergir curiosamente para o subjetivo. Ele nos questiona. Faça isso também.

She confesses and we too




Brilhante, uma verdadeira estrela planetária. A energia solar não é o bastante para ela. Está na Enciclopédia Britânica. É um ícone do pop mundial. Quem não queria uma gotinha desse poder? Porque isso sim é muito poder e influência. Ela conseguiu alcançar o máximo, um ponto que muitos, muitos mesmo, morrem tentando sem nunca ter conseguido. Não há quem não a conheça, não há quem nunca tenha arranhado seus sons. Não há mulher que nunca tenha sonhado em ser Madonna, the mother, la mama, a "Santa" Mãe.

Confessions on a dance floor traz tudo de moderno e futurista. Batidas que empurram qualquer um para a pista ou fazem pisar fundo no acelerador. Ouça Madonna, pule, dance, grite no volante, pire o cabeção com ela. É por isso que ela existe.

OBS: Umas das preferidas desse álbum: faixa 11, Push.